As ovelhas perseguem-me...
"...to protect the sheep you have to catch the wolf, and you need a wolf to catch another wolf...", Denzel dixit no Trainning Day.
Mas os lobos também morrem! A diferença é que não são comidos.
Saturday, January 31, 2004
Thursday, January 29, 2004
o que se ouve na mouraria...
Por estes lados pensa-se em ouvir o "Grande sofá" do Dj Carlos Cardoso, na antena3. Para quem gosta de ouvir música com tempero electrónico (Ursuka Rucker, Kruder & dorfmeister...), sem os clichés das batidas metralhadora, e para quem não nega há partida uma ciência que desconhece....
E fala-se pouco, apenas o essencial sobre as bandas/projectos, como convém saber a qualquer melómano
De domingo a quinta, 00-01 da manhã.
Como curiosidade, aqui fica a playlist de ontem..
FLUNK "Blue Monday (Rune lindeboek rmx)" - LUFTKASTELLET
AIR "Run" - TALKIE WALKIE
AGORIA "Spinach girl (Villeneuve mix)" - BLOSSOM
ERNESTOS "Simon says" - NORDIC LOUNGE 2
BANZAI REPUBLIC "No matter how I try" - LUTKASTELLET
NICOLA CONTE "Fuoco fatuo (Performed by KOOP)" - ST-GERMAIN-DES-PRES-DES-CAFÉ 4
LONDON ELEKTRICITY "Different drum" - BILLION DOLLAR GRAVY
DUB PISTOLS "World gone crazy" - SIX MILLION WAYS TO LIVE
ORLANDO & LOOPLESS "For real" - NYLON SHOWCASE 3 (gostei muito)
NOISESHAPER "Dunk" - SIGNAL
Por estes lados pensa-se em ouvir o "Grande sofá" do Dj Carlos Cardoso, na antena3. Para quem gosta de ouvir música com tempero electrónico (Ursuka Rucker, Kruder & dorfmeister...), sem os clichés das batidas metralhadora, e para quem não nega há partida uma ciência que desconhece....
E fala-se pouco, apenas o essencial sobre as bandas/projectos, como convém saber a qualquer melómano
De domingo a quinta, 00-01 da manhã.
Como curiosidade, aqui fica a playlist de ontem..
FLUNK "Blue Monday (Rune lindeboek rmx)" - LUFTKASTELLET
AIR "Run" - TALKIE WALKIE
AGORIA "Spinach girl (Villeneuve mix)" - BLOSSOM
ERNESTOS "Simon says" - NORDIC LOUNGE 2
BANZAI REPUBLIC "No matter how I try" - LUTKASTELLET
NICOLA CONTE "Fuoco fatuo (Performed by KOOP)" - ST-GERMAIN-DES-PRES-DES-CAFÉ 4
LONDON ELEKTRICITY "Different drum" - BILLION DOLLAR GRAVY
DUB PISTOLS "World gone crazy" - SIX MILLION WAYS TO LIVE
ORLANDO & LOOPLESS "For real" - NYLON SHOWCASE 3 (gostei muito)
NOISESHAPER "Dunk" - SIGNAL
Tuesday, January 27, 2004
Eu gosto muito dos seres humanos.
São tão bonitos e queridinhos. Às vezes fico a observa-los do alto nos seus locais de peregrinação: os centros comerciais. E lá vão eles, casalinhos estupidamente feizes, conversando acerca de nada e para nada... mas felizes. Penteados pré-formatadinhos e roupa diferente por ser tão igual (tão bonitinhos, parecem gémeos). Sempre questionei se existirá relação entre a formatação da roupas e a obtusidade das mentes. Mas gosto deles é assim, estúpidos e banais.
Vão para a sua dose periódica de ópio. Ordeiramente esperam nas filas para comprar os bilhetes de cinema, inebriados com antecipação. “será o que o herói irá morrer?”, “espero que não, o actor é tão bonito”, “anda com aquela modelo anorética”, “é anorética mas é atraente, tens é inveja”, “espero que tenha um final feliz”.
E começa a sessão.
Assim que as bobines começam a rodar, uma injecção de estuidez flui pelas veias, os olhos incham de felicidade, a ausência de pensamento próprio substitui o vazio anterior. E como um copo esvaziado vai-se enchendo de imagens projectadas num ecrã e agora parte das suas próprias vidas. Emoções roubadas aos actores, pensamentos fúteis que não poderiam ser pensados pela sua própria cabecinha, banalidades, acção, luz, côr, música, num crescendo quase sinfónico....
No filme morrem pessoas, mas os principais intervenientes sobrevivem incólumes, sempre bem penteados e bem vestidos (os heróis não possuem glândulas sudoríparas). Morrem os maus e ficam os bons, assim como na vida real (ainda há vida real?). No fim, beijam-se na boca os protagonistas, beijam mães os corpos dos filhos mutilados, beijam amantes os corpos violados e esventrados, beijam crianças a taça de arroz onde só existe água, quando há água, morrem ditadores, mortos pelos seus substitutos. Vivam os novos ditadores, paz há sua alma (irão precisar quando forem mortos pelos seus sucessores). Ficam vivos hipócritas preocupados com as suas políticas de vizinha invejosa, de burguês antes-parecer-que-ser.
Tudo está bem quando acaba bem. No fim batem palmas, e um sorriso ilumina os rostos dos seres humanos, contentes pela vida ser tão bela, tão azul.
Vou comprar um casal de seres humanos para ter lá em casa. Vou fazer com que procriem e vou criar uma civilização. E quando estiver farto, vou simplesmente esperar que se degolem mutamente, sem limpar a jaula. O sangue humano não tem cor, nem cheiro... não existe.
São tão bonitos e queridinhos. Às vezes fico a observa-los do alto nos seus locais de peregrinação: os centros comerciais. E lá vão eles, casalinhos estupidamente feizes, conversando acerca de nada e para nada... mas felizes. Penteados pré-formatadinhos e roupa diferente por ser tão igual (tão bonitinhos, parecem gémeos). Sempre questionei se existirá relação entre a formatação da roupas e a obtusidade das mentes. Mas gosto deles é assim, estúpidos e banais.
Vão para a sua dose periódica de ópio. Ordeiramente esperam nas filas para comprar os bilhetes de cinema, inebriados com antecipação. “será o que o herói irá morrer?”, “espero que não, o actor é tão bonito”, “anda com aquela modelo anorética”, “é anorética mas é atraente, tens é inveja”, “espero que tenha um final feliz”.
E começa a sessão.
Assim que as bobines começam a rodar, uma injecção de estuidez flui pelas veias, os olhos incham de felicidade, a ausência de pensamento próprio substitui o vazio anterior. E como um copo esvaziado vai-se enchendo de imagens projectadas num ecrã e agora parte das suas próprias vidas. Emoções roubadas aos actores, pensamentos fúteis que não poderiam ser pensados pela sua própria cabecinha, banalidades, acção, luz, côr, música, num crescendo quase sinfónico....
No filme morrem pessoas, mas os principais intervenientes sobrevivem incólumes, sempre bem penteados e bem vestidos (os heróis não possuem glândulas sudoríparas). Morrem os maus e ficam os bons, assim como na vida real (ainda há vida real?). No fim, beijam-se na boca os protagonistas, beijam mães os corpos dos filhos mutilados, beijam amantes os corpos violados e esventrados, beijam crianças a taça de arroz onde só existe água, quando há água, morrem ditadores, mortos pelos seus substitutos. Vivam os novos ditadores, paz há sua alma (irão precisar quando forem mortos pelos seus sucessores). Ficam vivos hipócritas preocupados com as suas políticas de vizinha invejosa, de burguês antes-parecer-que-ser.
Tudo está bem quando acaba bem. No fim batem palmas, e um sorriso ilumina os rostos dos seres humanos, contentes pela vida ser tão bela, tão azul.
Vou comprar um casal de seres humanos para ter lá em casa. Vou fazer com que procriem e vou criar uma civilização. E quando estiver farto, vou simplesmente esperar que se degolem mutamente, sem limpar a jaula. O sangue humano não tem cor, nem cheiro... não existe.
Guardador de rebanhos
Enquanto guardador de rebanhos, nunca me preocupei muito em ser fiel à minha pastora. Observava as ovelhitas com os carneiros em alegre rebaldaria, e ficava extasiado com esta visão. Uma vez por outra, indiferente á presença da minha pastora, lá comia uma ovelhita, que um guardador não é de ferro. Se me assaltaram problemas de consciência, eu tratei de os prender, que sou homem simples, das montanhas. O pensamento prático é o que me mantém são entre animais. A zoofilia constituía para mim um problema tão grande como a chegada de sondas a Marte. Tudo tão complexo para um guardador de rebanhos.
E a minha pastora? Não há muitos guardadores de rebanhos como eu, e se quisesse usar um cabritinho, coisa que duvido, que poderia eu fazer? Não há espaço para ciúmes de animais, nem de homens, num local onde a vida gira em torno da existência ou não de pastagens.
Envelhecido pelo tempo, pelo frio e por mim próprio, farto de correrias, farto de percorrer os mesmos caminhos vezes sem conta, agora gozo de forma simples a minha reforma. Há muito que deixei o meu rebanho para outros. Agora passo o meu tempo dividido entre a minha ardósia, que risco, rabisco e apago ao sabor da minha demência, e a minha navalha com que, usando de paciência, crio formas e bonecos desconexos para os netos que não tenho. E espero. Espero pacientemente que chegue a minha companheira, tão fiel como os cães, tão obediente como o rebanho que guardava. Agora, finalmente sou-lhe completamente dedicado. Não preciso de lho dizer, ela sabe-o. Soube-o no momento em que, sem reflectir, deixei de correr alegremente tresmalhando o rebanho, para com ela me deitar. Sem palavras, num único momento soube que era um Homem. Deixei de ser um guardador de rebanhos, passei a ser fiel á minha pastora.
Enquanto guardador de rebanhos, nunca me preocupei muito em ser fiel à minha pastora. Observava as ovelhitas com os carneiros em alegre rebaldaria, e ficava extasiado com esta visão. Uma vez por outra, indiferente á presença da minha pastora, lá comia uma ovelhita, que um guardador não é de ferro. Se me assaltaram problemas de consciência, eu tratei de os prender, que sou homem simples, das montanhas. O pensamento prático é o que me mantém são entre animais. A zoofilia constituía para mim um problema tão grande como a chegada de sondas a Marte. Tudo tão complexo para um guardador de rebanhos.
E a minha pastora? Não há muitos guardadores de rebanhos como eu, e se quisesse usar um cabritinho, coisa que duvido, que poderia eu fazer? Não há espaço para ciúmes de animais, nem de homens, num local onde a vida gira em torno da existência ou não de pastagens.
Envelhecido pelo tempo, pelo frio e por mim próprio, farto de correrias, farto de percorrer os mesmos caminhos vezes sem conta, agora gozo de forma simples a minha reforma. Há muito que deixei o meu rebanho para outros. Agora passo o meu tempo dividido entre a minha ardósia, que risco, rabisco e apago ao sabor da minha demência, e a minha navalha com que, usando de paciência, crio formas e bonecos desconexos para os netos que não tenho. E espero. Espero pacientemente que chegue a minha companheira, tão fiel como os cães, tão obediente como o rebanho que guardava. Agora, finalmente sou-lhe completamente dedicado. Não preciso de lho dizer, ela sabe-o. Soube-o no momento em que, sem reflectir, deixei de correr alegremente tresmalhando o rebanho, para com ela me deitar. Sem palavras, num único momento soube que era um Homem. Deixei de ser um guardador de rebanhos, passei a ser fiel á minha pastora.
Monday, January 26, 2004
A morte do jogador Fehér, fez-me mais uma vez pensar do valor da vida - que é nenhum. No fundo andamos aqui a fazer umas coisas (alguns de nós) sem saber o propósito, e depois acabou (ou não). Estamos mortos.
Também que agora vão surgir as homenagens, mais ou menos hipócritas, ao homem e ao jogador. Quanto a mim a melhor e maior homemagem já foi feita pelos colegas de equipa, que no momento da queda, sem saber se ia morrer ou não, emocionaram-se de forma realmente verdadeira e expontânea. Tudo o mais é acessório!
Também que agora vão surgir as homenagens, mais ou menos hipócritas, ao homem e ao jogador. Quanto a mim a melhor e maior homemagem já foi feita pelos colegas de equipa, que no momento da queda, sem saber se ia morrer ou não, emocionaram-se de forma realmente verdadeira e expontânea. Tudo o mais é acessório!
Friday, January 23, 2004
Comparo o amor a uma doença.
Somos atacados por um vírus ou bactéria, muito pequeninos, nem damos por isso. Depois vem as febres, as alucinações, os tremores, perda de apetite... Invarialvelmente caimos na cama (o doce repouso do guerreiro) acometidos por violentas convulsões febris (nem tudo é bom na vida).
Mas tudo passa, e o que não nos mata só nos torna mais fortes. É bem possivel ficarmos mortos mentalmente, ou com o corpo árido e incapaz de aceitar outro sem que uma frieza os separe. Incapaz de olhar para outra pessoa com algum mais do que uma profunda indiferença... sem o desprezo dos que sabem o que é a dor tem pelos estupidamente felizes. E se isto não é a morte...
E se sobrevivermos a tudo isto ainda temos de passar pela fase de convalescença. É a parte pior. Demasiado fracos e enfraquecidos, vagueamos tentando adaptar o nosso corpo à rotina da sanidade. Ainda não estamos curados, mas também já não estamos doentes. Não somos nada. Nesta fase adquirimos força e criamos anticorpos para evitar novas recaídas. No fundo evitar a desilusão de novo. Ficamos resistentes, mais fortes, mais racionais. Pragmáticos.
Nem tudo dura para sempre. Os anticorpos tem prazo de validade, e voltamos a adoecer. faz parte da natureza humana (tirando os que já morreram de alma) Só não sabemos quando e qual o nome do patogéne!
Somos atacados por um vírus ou bactéria, muito pequeninos, nem damos por isso. Depois vem as febres, as alucinações, os tremores, perda de apetite... Invarialvelmente caimos na cama (o doce repouso do guerreiro) acometidos por violentas convulsões febris (nem tudo é bom na vida).
Mas tudo passa, e o que não nos mata só nos torna mais fortes. É bem possivel ficarmos mortos mentalmente, ou com o corpo árido e incapaz de aceitar outro sem que uma frieza os separe. Incapaz de olhar para outra pessoa com algum mais do que uma profunda indiferença... sem o desprezo dos que sabem o que é a dor tem pelos estupidamente felizes. E se isto não é a morte...
E se sobrevivermos a tudo isto ainda temos de passar pela fase de convalescença. É a parte pior. Demasiado fracos e enfraquecidos, vagueamos tentando adaptar o nosso corpo à rotina da sanidade. Ainda não estamos curados, mas também já não estamos doentes. Não somos nada. Nesta fase adquirimos força e criamos anticorpos para evitar novas recaídas. No fundo evitar a desilusão de novo. Ficamos resistentes, mais fortes, mais racionais. Pragmáticos.
Nem tudo dura para sempre. Os anticorpos tem prazo de validade, e voltamos a adoecer. faz parte da natureza humana (tirando os que já morreram de alma) Só não sabemos quando e qual o nome do patogéne!
Thursday, January 22, 2004
Wednesday, January 21, 2004
Os carneirinhos e ovelhas andam no rebanho. E o pastor manda.
O pastor diz “para a direita”. E lá vão as ovelhinhas. Ele diz “para a esquerda agora”, e elas obedecem.
Um dia as ovelhas tresmalham-se. Alguns por sua vontade, outras porque deixaram de ver o cão que as guiava, as outras não viam as suas próprias colegas para as seguirem cegamente.
Como é natural, a maior parte delas, cegas pela ausência de vontade própria durante tantos anos acabaram por morrer de fome ou caidas num qualquer precipicio.
E o pastor? O pastor ria-se divertido com a desorientação do seu rebanho. Inebriado pela estupidez dos animais. Até que caiu em si! Sem rebanho que fará o pastor?
O pastor recuperou o seu sangue-frio após um breve momento de desnorte. Chamou os cães, e mudou de paróquia.
O pastor diz “para a direita”. E lá vão as ovelhinhas. Ele diz “para a esquerda agora”, e elas obedecem.
Um dia as ovelhas tresmalham-se. Alguns por sua vontade, outras porque deixaram de ver o cão que as guiava, as outras não viam as suas próprias colegas para as seguirem cegamente.
Como é natural, a maior parte delas, cegas pela ausência de vontade própria durante tantos anos acabaram por morrer de fome ou caidas num qualquer precipicio.
E o pastor? O pastor ria-se divertido com a desorientação do seu rebanho. Inebriado pela estupidez dos animais. Até que caiu em si! Sem rebanho que fará o pastor?
O pastor recuperou o seu sangue-frio após um breve momento de desnorte. Chamou os cães, e mudou de paróquia.
Todos nascemos mortos!
Já não tenho medo de nada! Não tenho medo que o céu me caia em cima, nem medo do medo em si. Venci a última barreira, deixei de ter medo do desconhecido. Já não tenho medo da morte! Mais importante: não tenho medo do que lhe segue (ou não).
Agora sei porque a morte nos atemoriza tanto. Mais do que não sabermos se cumprimos qualquer objectivo válido em vida, e afinal de contas a morte simboliza a terminus de um periodo, temos medo da morte porque não sabemos (crentes em algo e não-crentes de nada) o que vai acontecer depois. Eu pelo menos confesso que nunca conheci nenhum morto que me tenha informado do que aconteceu após a sua não-existência!
Mas... nós todos já nascemos mortos. Todos nascemos com esta espécie de estrela de david na testa. Eu estou Morto! É a única coisa que tenho como certa – um dia destes vou morrer!
Mas não me vou curvar perante essa senhora. Vou esperá-la calmamente no leito a ler um belo livro. Não irei implorar que venha nem fechar-lhe a porta do meu quarto. Vou abrir os lençois da cama, abraça-la e fazer amor. Eu vou fazer amor com a morte! Só assim ela compreenderá que alguns de nós, os destinados a servi-la, não a receiamos. Compreendemo-la, aceitamo-la com dignidade.
E quando tivermos o nosso orgasmo simultâneo abandonarei isto a que chamam vida, abraçado à minha nova paixão, a morte. Criaremos um mundo novo só nosso do zero sem interferências sem fronteiras sem limites sem razões. Deixarei tudo para trás sem remorsos.
E se não houver nada nem morte nem pós-morte... um vazio? No vazio ficarei. Num limbo encontrarei felicidade.
Já não tenho medo de nada! Não tenho medo que o céu me caia em cima, nem medo do medo em si. Venci a última barreira, deixei de ter medo do desconhecido. Já não tenho medo da morte! Mais importante: não tenho medo do que lhe segue (ou não).
Agora sei porque a morte nos atemoriza tanto. Mais do que não sabermos se cumprimos qualquer objectivo válido em vida, e afinal de contas a morte simboliza a terminus de um periodo, temos medo da morte porque não sabemos (crentes em algo e não-crentes de nada) o que vai acontecer depois. Eu pelo menos confesso que nunca conheci nenhum morto que me tenha informado do que aconteceu após a sua não-existência!
Mas... nós todos já nascemos mortos. Todos nascemos com esta espécie de estrela de david na testa. Eu estou Morto! É a única coisa que tenho como certa – um dia destes vou morrer!
Mas não me vou curvar perante essa senhora. Vou esperá-la calmamente no leito a ler um belo livro. Não irei implorar que venha nem fechar-lhe a porta do meu quarto. Vou abrir os lençois da cama, abraça-la e fazer amor. Eu vou fazer amor com a morte! Só assim ela compreenderá que alguns de nós, os destinados a servi-la, não a receiamos. Compreendemo-la, aceitamo-la com dignidade.
E quando tivermos o nosso orgasmo simultâneo abandonarei isto a que chamam vida, abraçado à minha nova paixão, a morte. Criaremos um mundo novo só nosso do zero sem interferências sem fronteiras sem limites sem razões. Deixarei tudo para trás sem remorsos.
E se não houver nada nem morte nem pós-morte... um vazio? No vazio ficarei. Num limbo encontrarei felicidade.
Tuesday, January 20, 2004
When you’re sad and when you’re lonely
And you haven’t got a friend
Just remember that death is not the end
And all that you held sacred
Falls down and does not mend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When you’re standing on the crossroads
That you cannot comprehend
Just remember that death is not the end
And all your dreams have vanished
And you don’t know what’s up the bend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When the storm clouds gather round you
And heavy rains descend
Just remember that death is not the end
And there’s no-one there to comfort you
With a helping hand to lend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
For the tree of life is growing
Where the spirit never dies
And the bright light of salvation
Up in dark and empty skies
When the cities are on fire
With the burning flesh of men
Just remember that death is not the end
When you search in vain to find
Some law-abiding citizen
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
Nick Cave - "Death is Not The End Lyrics"
And you haven’t got a friend
Just remember that death is not the end
And all that you held sacred
Falls down and does not mend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When you’re standing on the crossroads
That you cannot comprehend
Just remember that death is not the end
And all your dreams have vanished
And you don’t know what’s up the bend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When the storm clouds gather round you
And heavy rains descend
Just remember that death is not the end
And there’s no-one there to comfort you
With a helping hand to lend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
For the tree of life is growing
Where the spirit never dies
And the bright light of salvation
Up in dark and empty skies
When the cities are on fire
With the burning flesh of men
Just remember that death is not the end
When you search in vain to find
Some law-abiding citizen
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
Nick Cave - "Death is Not The End Lyrics"
Sunday, January 18, 2004
Não passou despercebido à imprensa nacional e aos (auto-)denominados opinion makers a resolução da Academia de Coimbra de realizar um referendo interno, questionando a realização, ou não, da queima das fitas 2004. pssaou mais ou menos despercebido o resultado: a maioria dos votantes decidiu que irá ser realizada.
A não realização da queima das fitas, evento onde rola mais dinheiro e álcool do que tradição (a única que ainda se mantém é a beber até cair), seria uma forma de protesto contra o aumento (ou existência de propinas), e em 2º plano todas as outras medidas da nova lei do ensino superior. Para os opinion (des)makers esta forma de protesto fazia tremer os cidadãos deste pais (pelo menos os que possuem interesses em cervejarias). Consideraram-na ridícula, infantil, despropositada… E então que formas de luta sugerem? Bloquear estradas? Fechar edifícios a cadeado? Amarrar bombas à cinta e fecharem-se em casas de banho? (a opção por estas formas levaria a que os estudantes fossem considerados irreponsáveis... etc, já estão a imaginar o filme). Eu sou a favor desta forma de luta (embora esteja em desacordo com os princípios que deram origem a esta luta estudantil), pois não sendo a queima das feitas um evento de extraordinária importância para o país (especialmente naquilo que se tem tornado nos últimos anos), é um momento de muita importância para os estudantes conimbricenses.
E qual é o princípio que deve nortear as formas de protesto? Deve-se prescindir de algo que é muito querido aos que protestam sensibilizando e tornando favoráveis os que estão de fora? Ou deve-se causar incomodo à sociedade em geral para tornar mais visível a luta e o que lhe dá origem (greves dos transportes públicos, por ex.)? Os estudantes do ensino superior após terem tentado a segunda forma, sem resultados visíveis para além de terem conseguido virar contra si quase toda a população não estudante do país (excepto os lideres dos partidos da oposição, vá-se lá saber porquê), viraram-se, e bem, para a primeira opção.
Mas ainda existem outras formas de lutas não exploradas (há muita falta de imaginação e vontade de inovar na população estudantil portuguesa – eu sei, fui e sou um deles). A minha preferida - greve de zelo ,e já tentada - imaginem durante uma semana TODA a gente ir às aulas (a todas)? Pois se uma das queixas dos alunos é a falta de condições e físicas e humanas, porque não prová-lo? Aposto que os Reitores e Professores gostariam, acho até que gostariam muito. Eu sei que custa muito a malta ir ressacada para uma aula teórica às 9 e 10 da manhã, mas se a luta é para ser levada a sério, alguns sacrifícios tem de ser feitos por parte dos interessados! Mas isto sou eu a sonhar. Aposto que se esta forma de luta fosse adoptada não apareciam nas salas de aula mais 10-20% do que o normal dos alunos (e 99% concordaria com a forma de luta escolhida).
Isto parece anedótico mas é verídico: na faculdade de letras da faculdade de Coimbra, os alunos resolveram fazer uma greve de zelo. Surpresa das surpresas no dia marcado para a greve, não apareceu quase ninguém nas aulas! Ainda menos do que o normal. Explicação: os alunos desta faculdade acharam que era uma greve como as demais e depois de uma boa noite de borga, aderiram à greve faltando as aulas. Brilhante, não é?
O resultado do referendo ditou que este ano vai ser realizada a queima das fitas.
A não realização da queima das fitas, evento onde rola mais dinheiro e álcool do que tradição (a única que ainda se mantém é a beber até cair), seria uma forma de protesto contra o aumento (ou existência de propinas), e em 2º plano todas as outras medidas da nova lei do ensino superior. Para os opinion (des)makers esta forma de protesto fazia tremer os cidadãos deste pais (pelo menos os que possuem interesses em cervejarias). Consideraram-na ridícula, infantil, despropositada… E então que formas de luta sugerem? Bloquear estradas? Fechar edifícios a cadeado? Amarrar bombas à cinta e fecharem-se em casas de banho? (a opção por estas formas levaria a que os estudantes fossem considerados irreponsáveis... etc, já estão a imaginar o filme). Eu sou a favor desta forma de luta (embora esteja em desacordo com os princípios que deram origem a esta luta estudantil), pois não sendo a queima das feitas um evento de extraordinária importância para o país (especialmente naquilo que se tem tornado nos últimos anos), é um momento de muita importância para os estudantes conimbricenses.
E qual é o princípio que deve nortear as formas de protesto? Deve-se prescindir de algo que é muito querido aos que protestam sensibilizando e tornando favoráveis os que estão de fora? Ou deve-se causar incomodo à sociedade em geral para tornar mais visível a luta e o que lhe dá origem (greves dos transportes públicos, por ex.)? Os estudantes do ensino superior após terem tentado a segunda forma, sem resultados visíveis para além de terem conseguido virar contra si quase toda a população não estudante do país (excepto os lideres dos partidos da oposição, vá-se lá saber porquê), viraram-se, e bem, para a primeira opção.
Mas ainda existem outras formas de lutas não exploradas (há muita falta de imaginação e vontade de inovar na população estudantil portuguesa – eu sei, fui e sou um deles). A minha preferida - greve de zelo ,e já tentada - imaginem durante uma semana TODA a gente ir às aulas (a todas)? Pois se uma das queixas dos alunos é a falta de condições e físicas e humanas, porque não prová-lo? Aposto que os Reitores e Professores gostariam, acho até que gostariam muito. Eu sei que custa muito a malta ir ressacada para uma aula teórica às 9 e 10 da manhã, mas se a luta é para ser levada a sério, alguns sacrifícios tem de ser feitos por parte dos interessados! Mas isto sou eu a sonhar. Aposto que se esta forma de luta fosse adoptada não apareciam nas salas de aula mais 10-20% do que o normal dos alunos (e 99% concordaria com a forma de luta escolhida).
Isto parece anedótico mas é verídico: na faculdade de letras da faculdade de Coimbra, os alunos resolveram fazer uma greve de zelo. Surpresa das surpresas no dia marcado para a greve, não apareceu quase ninguém nas aulas! Ainda menos do que o normal. Explicação: os alunos desta faculdade acharam que era uma greve como as demais e depois de uma boa noite de borga, aderiram à greve faltando as aulas. Brilhante, não é?
O resultado do referendo ditou que este ano vai ser realizada a queima das fitas.
Poeta castrado, não!
Descobri hoje que Ary dos Santos já morreu há 20 anos. Não vou ser hipócrita e deizer que é um grande poeta, etc e tal, pois na realidade nunca li nada dele, e provávelmente nunca irei ler (não gosto de poesia), e se conheço o nome é pelo simples facto de ele ser o autor das letras várias músicas, já clássicas, de fado e musica ligeira.
Não gostar de poesia e não conhecer a obra do senhor mais nem menos do que o comum dos portugueses, não invalida que eu aqui reproduza um poema que me fascinou. Não serei o primeiro nem o único a faze-lo por estes dias... Descubram porquê!
Poeta Castrado, Não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegada poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
De fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia !
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!
in SANTOS, Ary dos. - Resumo. Lisboa, 1973.
Descobri hoje que Ary dos Santos já morreu há 20 anos. Não vou ser hipócrita e deizer que é um grande poeta, etc e tal, pois na realidade nunca li nada dele, e provávelmente nunca irei ler (não gosto de poesia), e se conheço o nome é pelo simples facto de ele ser o autor das letras várias músicas, já clássicas, de fado e musica ligeira.
Não gostar de poesia e não conhecer a obra do senhor mais nem menos do que o comum dos portugueses, não invalida que eu aqui reproduza um poema que me fascinou. Não serei o primeiro nem o único a faze-lo por estes dias... Descubram porquê!
Poeta Castrado, Não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegada poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
De fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia !
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!
in SANTOS, Ary dos. - Resumo. Lisboa, 1973.
Eu sou o último Rei Mouro!
Abu Abdullah, conhecido pelos cristãos como Boabdil.
Fui eu o último rei de granada, o ultimo reino mouro da península ibérica. Mas na realidade foram poucos os momentos em que me senti um verdadeiro Rei. Tive de dividir a minha cidade com o meu pai, que contra mim lutava, e simultaneamente protege-la dos reis católicos, Fernando e Isabel.
No fim da minha estada na Europa, tive de enterrar a minha preferida (e única amada) do harém, Morayma e um dos nossos filhos. Foi nessa altura que derramei as minhas ultimas lágrimas – O ultimo suspiro do mouro.
Deixei que o meu Reino fosse conquistado pelos católicos. Por isso hoje ainda pago, mas a história é bem diferente. Eu fugi para evitar a destruição do local mais belo de todos os reinos Ibéricos – O palácio de Alhambra. Os reis católicos ficaram com ele intacto, apenas para os lembrar eternamente que semelhante obra nunca iriam conseguir igualar. Se preservar a beleza é covardia, eu sou culpado desse crime.
Eu agora divago acerca do meu passado, pois não tenho presente, e o único futuro que algum dia tive, foi traçado à minha nascença por um oráculo. Foi dito nessa altura que quando me senta-se no trono, o reino iria cair e sofrer humilhação pela minha derrota e captura. Fui a partir desse dia chamado al-Zogoybi, o azarado, ou el Niño, o menino. Sempre achei que esta sentença afectou todo o meu comportamento em vida, e que ela foi a causa da minha desgraça. Pois tudo o que fiz tinha a marca do infortúnio – é difícil conseguir soldados para combater ao lado de alguém de dá pelo cognome de al-Zogoybi.
Mas isto já passou e hoje, alguns séculos depois de morrer a lutar por outro rei, tenho finalmente uma existência, senão feliz, pelo menos livre de necessidades. Ainda não sei se Alá me quer castigar por ter fugido, ou recompensar-me pela mesma razão. Acho que vou ter de ser eu a descobrir. Mas Ele foi bom comigo. Deu-me um corpo humano onde habito temporariamente, que me permite observar o mundo chamado de moderno, sem ter preocupações sociais, politicas, pessoais. È este corpo que eu uso para escrever neste espaço. Ás vezes é a mente associada ao corpo que escreve, outras vezes é o espírito (Zogoybi). Tenho quase a certeza que a mente (o “dono” do corpo) não dá pela minha presença, pois eu só me revelo em alguns momentos aleatórios.
Nunca me tinha apercebido até hoje das vantagens de ter um corpo, sem precisar de realizar qualquer operação de manutenção do mesmo. Se quisesse classificar esta minha relação a três, não lhe chamaria simbiose, pois na realidade eu não sou uma entidade biológica, nem cooperatividade, eu só recebo sem nada dar em troca. Acho que vou acabar os meus dias de espírito como um parasita. Não. Eu também não sou parasita. Não retiro recursos ao corpo, nem condiciono a mente. Nem na morte sei o que sou.
Mas vou usar este espaço para dizer tudo o que me apetece. Criticar, especular, sugerir, comentar… Afinal, haverá melhor opinião do que a de um espírito com 500 anos?
Abu Abdullah, conhecido pelos cristãos como Boabdil.
Fui eu o último rei de granada, o ultimo reino mouro da península ibérica. Mas na realidade foram poucos os momentos em que me senti um verdadeiro Rei. Tive de dividir a minha cidade com o meu pai, que contra mim lutava, e simultaneamente protege-la dos reis católicos, Fernando e Isabel.
No fim da minha estada na Europa, tive de enterrar a minha preferida (e única amada) do harém, Morayma e um dos nossos filhos. Foi nessa altura que derramei as minhas ultimas lágrimas – O ultimo suspiro do mouro.
Deixei que o meu Reino fosse conquistado pelos católicos. Por isso hoje ainda pago, mas a história é bem diferente. Eu fugi para evitar a destruição do local mais belo de todos os reinos Ibéricos – O palácio de Alhambra. Os reis católicos ficaram com ele intacto, apenas para os lembrar eternamente que semelhante obra nunca iriam conseguir igualar. Se preservar a beleza é covardia, eu sou culpado desse crime.
Eu agora divago acerca do meu passado, pois não tenho presente, e o único futuro que algum dia tive, foi traçado à minha nascença por um oráculo. Foi dito nessa altura que quando me senta-se no trono, o reino iria cair e sofrer humilhação pela minha derrota e captura. Fui a partir desse dia chamado al-Zogoybi, o azarado, ou el Niño, o menino. Sempre achei que esta sentença afectou todo o meu comportamento em vida, e que ela foi a causa da minha desgraça. Pois tudo o que fiz tinha a marca do infortúnio – é difícil conseguir soldados para combater ao lado de alguém de dá pelo cognome de al-Zogoybi.
Mas isto já passou e hoje, alguns séculos depois de morrer a lutar por outro rei, tenho finalmente uma existência, senão feliz, pelo menos livre de necessidades. Ainda não sei se Alá me quer castigar por ter fugido, ou recompensar-me pela mesma razão. Acho que vou ter de ser eu a descobrir. Mas Ele foi bom comigo. Deu-me um corpo humano onde habito temporariamente, que me permite observar o mundo chamado de moderno, sem ter preocupações sociais, politicas, pessoais. È este corpo que eu uso para escrever neste espaço. Ás vezes é a mente associada ao corpo que escreve, outras vezes é o espírito (Zogoybi). Tenho quase a certeza que a mente (o “dono” do corpo) não dá pela minha presença, pois eu só me revelo em alguns momentos aleatórios.
Nunca me tinha apercebido até hoje das vantagens de ter um corpo, sem precisar de realizar qualquer operação de manutenção do mesmo. Se quisesse classificar esta minha relação a três, não lhe chamaria simbiose, pois na realidade eu não sou uma entidade biológica, nem cooperatividade, eu só recebo sem nada dar em troca. Acho que vou acabar os meus dias de espírito como um parasita. Não. Eu também não sou parasita. Não retiro recursos ao corpo, nem condiciono a mente. Nem na morte sei o que sou.
Mas vou usar este espaço para dizer tudo o que me apetece. Criticar, especular, sugerir, comentar… Afinal, haverá melhor opinião do que a de um espírito com 500 anos?
As Leis (parte II)
Há sensivelmente um mês (16/12/2003) escrevi que iam ser julgadas várias pessoas (mulheres que abortaram, respectivos companheiros, e os médicos que ajudaram à festa). Aquilo que eu considerei na altura, uma espécie de hino à justiça e um indício de maioridade da Democracia Portuguesa, está torna-se precisamente o contrário. Ninguém me mandou ser optimista, e agora estou prestes a engolir o teclado.
Durante o julgamento, que ainda mal começou, foram identificados vários erros de procedimento por parte da investigação. Dentre eles o facto de a PJ ter feito diligências que competiam ao ministério público, e de ter passado o prazo razoável de entrega das transcrições das escutas telefónicas realizadas durante a investigação.
Foram também testemunhar alguns médicos que confirmaram que os medicamentos receitados (para a contracção do útero) apesar de serem usados para a interrupção voluntária da gravidez, poderiam ser prescritos para o tratamento de outras condições (o corporativismo acabou?).
Aparentemente, e tudo somado, está em causa a acusação contra os médicos (não, havia de ser contra as mulheres e companheiros). Mas o que me preocupa verdadeiramente, não é esta espécie de protecção de classes (que poderá ser apenas especulação minha – I ear voices in my head) mas forma irresponsável como uma investigação, que resultou na acusação de quase 2 dezenas de pessoas, foi conduzida. E mais, que sejam 2 erros de processo a fazer cair no ridículo, mais uma vez, toda a justiça portuguesa. Como se não bastasse as estratégias pouco claras dos advogados de defesa, agora até a policia e MP ajudam?
Há sensivelmente um mês (16/12/2003) escrevi que iam ser julgadas várias pessoas (mulheres que abortaram, respectivos companheiros, e os médicos que ajudaram à festa). Aquilo que eu considerei na altura, uma espécie de hino à justiça e um indício de maioridade da Democracia Portuguesa, está torna-se precisamente o contrário. Ninguém me mandou ser optimista, e agora estou prestes a engolir o teclado.
Durante o julgamento, que ainda mal começou, foram identificados vários erros de procedimento por parte da investigação. Dentre eles o facto de a PJ ter feito diligências que competiam ao ministério público, e de ter passado o prazo razoável de entrega das transcrições das escutas telefónicas realizadas durante a investigação.
Foram também testemunhar alguns médicos que confirmaram que os medicamentos receitados (para a contracção do útero) apesar de serem usados para a interrupção voluntária da gravidez, poderiam ser prescritos para o tratamento de outras condições (o corporativismo acabou?).
Aparentemente, e tudo somado, está em causa a acusação contra os médicos (não, havia de ser contra as mulheres e companheiros). Mas o que me preocupa verdadeiramente, não é esta espécie de protecção de classes (que poderá ser apenas especulação minha – I ear voices in my head) mas forma irresponsável como uma investigação, que resultou na acusação de quase 2 dezenas de pessoas, foi conduzida. E mais, que sejam 2 erros de processo a fazer cair no ridículo, mais uma vez, toda a justiça portuguesa. Como se não bastasse as estratégias pouco claras dos advogados de defesa, agora até a policia e MP ajudam?
Wednesday, January 14, 2004
I want to be a rabbit...
Rabbits spend all day eating and sleeping and fucking.
Women look at little rabbits and hug them and kiss them and say: beautiful little rabbit! So inocent.. clome closer and feel my warm breaths.
Rabbits make good stews! Humm… and their death is nearly painless.
I want to be a rabbit... they eat and sleep and fuck like rabbits.
Rabbits spend all day eating and sleeping and fucking.
Women look at little rabbits and hug them and kiss them and say: beautiful little rabbit! So inocent.. clome closer and feel my warm breaths.
Rabbits make good stews! Humm… and their death is nearly painless.
I want to be a rabbit... they eat and sleep and fuck like rabbits.
Sunday, January 11, 2004
Se eu fosse uma cor seria o preto.
Este seria o estado absoluto de felicidade. A ausência total de todas as cores.
O branco é apenas a covardia disfarçada. Quem quer ser todas as cores em simultâneo? Gerada por um caleidoscópio de tudo?
Só no vazio, na ausência de tudo poderei ter a audácia de me encontrar finalmente. Liberto de todas as grilhetas que prendem o pensamento, as emoções, a criatividade. Concentrado apenas no acessório, para depois o subtrair, ficando com nada: o essencial.
Este seria o meu elixir da eterna juventude. Nadaria eternamente no nada de bom grado. Quem precisa de falsas convenções, sorrisos falaciosos, falas mansas. É o oco que preenche o branco. Amordaça-o. Fá-lo pensar que a alternativa ao branco será a não existência. E qual é o mal disto? O branco alguma vez existiu? Ou sobrevive enquanto os Homens não o substituírem por outro conceito qualquer, deixarem de reparar nele. Ou até os Homens deixarem de existir.
Deixem-me sonhar que um dia poderei repousar num limbo. No vazio absoluto. Um dia serei o Preto.
Este seria o estado absoluto de felicidade. A ausência total de todas as cores.
O branco é apenas a covardia disfarçada. Quem quer ser todas as cores em simultâneo? Gerada por um caleidoscópio de tudo?
Só no vazio, na ausência de tudo poderei ter a audácia de me encontrar finalmente. Liberto de todas as grilhetas que prendem o pensamento, as emoções, a criatividade. Concentrado apenas no acessório, para depois o subtrair, ficando com nada: o essencial.
Este seria o meu elixir da eterna juventude. Nadaria eternamente no nada de bom grado. Quem precisa de falsas convenções, sorrisos falaciosos, falas mansas. É o oco que preenche o branco. Amordaça-o. Fá-lo pensar que a alternativa ao branco será a não existência. E qual é o mal disto? O branco alguma vez existiu? Ou sobrevive enquanto os Homens não o substituírem por outro conceito qualquer, deixarem de reparar nele. Ou até os Homens deixarem de existir.
Deixem-me sonhar que um dia poderei repousar num limbo. No vazio absoluto. Um dia serei o Preto.
Do Angels have sex?
Shiu… keep quiet. I don’t want to awake you. I exist only in your dreams; well I am your only true dream. I guess you can call me an Angel. Yes, that’s what I am, an Angel. I am here to comfort you, only you. Isn’t it funny, how God send is perfect creation to protect one of is favorite, yet unperfected child?
You must not be scared! My purpose here is to ease your restless and troubled soul. Don’t you feel comfort in my blue eyes, my smooth snow white skin, in my curly blond hair? Or is it ebony skin and muscled body? I am here to fulfil your deepest and secret desires. I am here to give you God’s love. One condition: you have to ask me for it, because god gave me no specific instructions.
Yes, huge me tenderly. Stronger now! Feel what I have to offer, in His name. Do angels have sex? No. That is why we want it. And we call it Love. We have a lot of love to give, and you are the one that was chosen. Well, God is giving you the opportunity, wetter you profit it or not, it is up to you.
Wonderful things can result from our union, don’t you think? My perfection added to your devotion. Imagine it! We will not create a God or a Superman. It will be more than that, it will be a creature, an identity above everything know to menkind. We could creat something beyond our wildest dreams… we could create a new emotion, a new sensation.
Thank you! That was the softer kiss an Angel ever received. So pure, so full of crude emotion! Thank you, for accepting my invitation. Now relax, and enjoy it. At the end you feel as God itself. You will know that He exist throughout my Love.
Shiu… keep quiet. I don’t want to awake you. I exist only in your dreams; well I am your only true dream. I guess you can call me an Angel. Yes, that’s what I am, an Angel. I am here to comfort you, only you. Isn’t it funny, how God send is perfect creation to protect one of is favorite, yet unperfected child?
You must not be scared! My purpose here is to ease your restless and troubled soul. Don’t you feel comfort in my blue eyes, my smooth snow white skin, in my curly blond hair? Or is it ebony skin and muscled body? I am here to fulfil your deepest and secret desires. I am here to give you God’s love. One condition: you have to ask me for it, because god gave me no specific instructions.
Yes, huge me tenderly. Stronger now! Feel what I have to offer, in His name. Do angels have sex? No. That is why we want it. And we call it Love. We have a lot of love to give, and you are the one that was chosen. Well, God is giving you the opportunity, wetter you profit it or not, it is up to you.
Wonderful things can result from our union, don’t you think? My perfection added to your devotion. Imagine it! We will not create a God or a Superman. It will be more than that, it will be a creature, an identity above everything know to menkind. We could creat something beyond our wildest dreams… we could create a new emotion, a new sensation.
Thank you! That was the softer kiss an Angel ever received. So pure, so full of crude emotion! Thank you, for accepting my invitation. Now relax, and enjoy it. At the end you feel as God itself. You will know that He exist throughout my Love.
Saturday, January 10, 2004
Este é ano dos blogs!
Mais do que um aumento exponencial destes, eu espero que exista uma definição de quais se vão manter, e quais os vão perecer por força do desgaste que provocam nos seus criadores, “forçados” a actualiza-los com alguma frequência. Claro que se não forem actualizados caem no esquecimento e como tal, morrem espiritualmente.
Esta moda dos blogs, à qual eu obviamente aderi, faz-me lembrar a moda das páginas pessoas que aconteceu á uns anos atrás. Nessa altura muita gente meteu na Internet a fotografia dos gatinhos, da sogra (nua e com 2 mulatos a refresca-la), os seus hobbies, etc… tudo informações de reconhecida utilidade publica. Claro que alguns criaram páginas, que não deixando de ser pessoais, tinham objectivos definidos. Já reparam em páginas dedicadas à fotografia, ou a um determinado pintor, artista, banda musical, etc. Estas foram as que sobreviveram. Estas são as que merecem estar vivas. Embora por vezes o design e a funcionalidade não sejam os melhores, quem nunca encontrou a capa daquele álbum especial para usar com fundo do desktop? Ou a letra daquela musica? Ou até sites que são repositórios de links sobre um determinado assunto? Naqueles momentos vislumbrou-se o poderia ser a democracia utópica1 toda gente poderia ter um local onde poderia falar o que bem lhe apetecesse, e quem não gostava poderia muito bem passar ao site seguinte à distancia de um clique. E isto foi apenas o primeiro passo….
Mais ou menos em simultâneo aparecem os chats, ou salas de conversação. Isto sim! Um local de trocas de ideias sem qualquer interferência, onde uma opinião vale por si, e não pelo background, ou falta dele, de quem a profere. Sem rostos, sem identidades, sem objectivos, que não o da discussão pelo prazer da argumentação, o el dourado de todos o que queriam falar e não tinham voz. PURA MENTIRA! Os chats são um antro de falta de ideias e ideais, onde só existem 2 objectivos: engatar ou ofender gratuitamente.
E agora chegaram os blogs. Com um grau de interactividade que os primeiros sites não permitiam, eu afirmo: a antiguidade grega rejuvenesceu! A Democracia está de volta! E não adianta dizerem que quem escreve num blog é elitista! Claro que é! se estás a ler isto também pertences a uma elite… um pequeno nº de pessoas com acesso à Internet. E na antiguidade grega nem toda a gente tinha os mesmos direitos. Havia os cidadãos (membros), as mulheres e os escravos. Para poder ter um blog hoje em dia, basta saber ler e escrever, e ter acesso regular à Internet! Não estamos a melhorar?
E a diversidade de blogs continua a espantar-me dia após dia. Há os que são poço mais do que páginas dedicadas a um determinado assunto (por exemplo literatura), os de sátira (O Gil deve estar a dar voltas na campa desejando estar vivo agora), critica politica social, os que são desabafos pessoais, tratados de filosofia, e os que tem tudo. Mas acima de tudo todos eles reflectem a liberdade de cada escrever o que bem entende sem grilhetas, e mais, de o dar a conhecer a quem possa estar interessado.
Numa altura em que os debates são passam de exercícios de oratória (no pior sentido da palavra), onde se esgrimem egos, onde posições politicas são confundidas com interesses pessoais, quando os ideais políticos e sociais são substituídos por partidos de direita e de esquerda (ou seja, estado liberal vs estado paternalista), pode ser que os blogs sejam salvação de algumas gerações interessadas pelo nos rodeia, mas sem vós num sistema politico que vive para ele próprio.
Não que alguns blogs não sofram dos mesmo pecados que eu referi. Existem alguns que são puros exercícios de narcisismo provinciano, mas tem esse direito. E quem não gosta, que não leia! É muito mais fácil escolher 4 ou 5 blogs de referência (e não de reverência) que mudar de canal de TV alternando novelas com o Sexy Hot e a Sportv.
E mesmo o blogs aparentemente mais levezinhos, escondem uma crítica social mordaz. E por falar em “o meu pipi” não me parece que resista por mais este ano.
Tal como há alguns milénios atrás podemos reunirmos numa assembleia e discutir sem mordaças, excepto as que nos impomos a nós próprios, com a vantagem de que não passamos de ideias reais, num mundo virtual. Sempre é melhor que sermos pessoas sem ideias num real.
Mais do que um aumento exponencial destes, eu espero que exista uma definição de quais se vão manter, e quais os vão perecer por força do desgaste que provocam nos seus criadores, “forçados” a actualiza-los com alguma frequência. Claro que se não forem actualizados caem no esquecimento e como tal, morrem espiritualmente.
Esta moda dos blogs, à qual eu obviamente aderi, faz-me lembrar a moda das páginas pessoas que aconteceu á uns anos atrás. Nessa altura muita gente meteu na Internet a fotografia dos gatinhos, da sogra (nua e com 2 mulatos a refresca-la), os seus hobbies, etc… tudo informações de reconhecida utilidade publica. Claro que alguns criaram páginas, que não deixando de ser pessoais, tinham objectivos definidos. Já reparam em páginas dedicadas à fotografia, ou a um determinado pintor, artista, banda musical, etc. Estas foram as que sobreviveram. Estas são as que merecem estar vivas. Embora por vezes o design e a funcionalidade não sejam os melhores, quem nunca encontrou a capa daquele álbum especial para usar com fundo do desktop? Ou a letra daquela musica? Ou até sites que são repositórios de links sobre um determinado assunto? Naqueles momentos vislumbrou-se o poderia ser a democracia utópica1 toda gente poderia ter um local onde poderia falar o que bem lhe apetecesse, e quem não gostava poderia muito bem passar ao site seguinte à distancia de um clique. E isto foi apenas o primeiro passo….
Mais ou menos em simultâneo aparecem os chats, ou salas de conversação. Isto sim! Um local de trocas de ideias sem qualquer interferência, onde uma opinião vale por si, e não pelo background, ou falta dele, de quem a profere. Sem rostos, sem identidades, sem objectivos, que não o da discussão pelo prazer da argumentação, o el dourado de todos o que queriam falar e não tinham voz. PURA MENTIRA! Os chats são um antro de falta de ideias e ideais, onde só existem 2 objectivos: engatar ou ofender gratuitamente.
E agora chegaram os blogs. Com um grau de interactividade que os primeiros sites não permitiam, eu afirmo: a antiguidade grega rejuvenesceu! A Democracia está de volta! E não adianta dizerem que quem escreve num blog é elitista! Claro que é! se estás a ler isto também pertences a uma elite… um pequeno nº de pessoas com acesso à Internet. E na antiguidade grega nem toda a gente tinha os mesmos direitos. Havia os cidadãos (membros), as mulheres e os escravos. Para poder ter um blog hoje em dia, basta saber ler e escrever, e ter acesso regular à Internet! Não estamos a melhorar?
E a diversidade de blogs continua a espantar-me dia após dia. Há os que são poço mais do que páginas dedicadas a um determinado assunto (por exemplo literatura), os de sátira (O Gil deve estar a dar voltas na campa desejando estar vivo agora), critica politica social, os que são desabafos pessoais, tratados de filosofia, e os que tem tudo. Mas acima de tudo todos eles reflectem a liberdade de cada escrever o que bem entende sem grilhetas, e mais, de o dar a conhecer a quem possa estar interessado.
Numa altura em que os debates são passam de exercícios de oratória (no pior sentido da palavra), onde se esgrimem egos, onde posições politicas são confundidas com interesses pessoais, quando os ideais políticos e sociais são substituídos por partidos de direita e de esquerda (ou seja, estado liberal vs estado paternalista), pode ser que os blogs sejam salvação de algumas gerações interessadas pelo nos rodeia, mas sem vós num sistema politico que vive para ele próprio.
Não que alguns blogs não sofram dos mesmo pecados que eu referi. Existem alguns que são puros exercícios de narcisismo provinciano, mas tem esse direito. E quem não gosta, que não leia! É muito mais fácil escolher 4 ou 5 blogs de referência (e não de reverência) que mudar de canal de TV alternando novelas com o Sexy Hot e a Sportv.
E mesmo o blogs aparentemente mais levezinhos, escondem uma crítica social mordaz. E por falar em “o meu pipi” não me parece que resista por mais este ano.
Tal como há alguns milénios atrás podemos reunirmos numa assembleia e discutir sem mordaças, excepto as que nos impomos a nós próprios, com a vantagem de que não passamos de ideias reais, num mundo virtual. Sempre é melhor que sermos pessoas sem ideias num real.
Tuesday, January 06, 2004
Mais uma vez a questão da musica portuguesa…
Vou imaginar que sou legislador (não tentem isto em casa, eu sou um profissional – ou louco - não interessa) e que tenho em mãos a tarefa de criar uma lei que regulamente a passagem de música portuguesa, para começar, na rádio. Nada de novo, existem leis em Portugal (que não é cumprida pela generalidede das rádios de âmbito nacional), na Espanha, e na França pelo menos, com o objectivo de proteger a música nacional enquanto forma de expressão cultural de um povo.
Eu por norma desconfio de todas as leis que queiram proteger uma actividade, “cultural” ou não, por razões de interesse nacional. Isto porque na maior parte dos casos as actividades protegidas geram dinheiro, logo, alguém vai lucrar e não estou só a falar do estado que irá arrecadar impostos dos lucros resultantes da actividade. Como se sabe, em Portugal, proteger uma actividade significa à partida um descontozinho nos impostos. Ficamos todos a arder excepto os tais que são protegidos (ou quem lucra com eles). Digam que sou de direita se quiserem, eu não gosto é de fazer de parvo.
A música como qualquer outra actividade “cultural” gera muito dinheiro, mas o meu 1º ministro disse, pá, é chato ir contra a tuas ideias, mas arranja uma leizita que os cale, que nos faça ganhar dinheiro e votos, e se puderes (mas não te esforces muito) que seja boa para o país.
Bem, se tenho que defender a música portuguesa porque ela é parte da identidade do país e não como a actividade económica que é (é o principio que baseia esta lei), tenho de excluir da lei toda a musica que seja cantada noutra língua que não o português e o mirandês. E não tenho de seguir qualquer critério de qualidade, sempre discutível, atirando para o “lixo” (deixando de fora da lei) bandas como Blind Zero e Silence 4. se a sua qualidade é inegável, não prestação um serviço publico à língua portuguesa. Obviamente Agáta, Mónica Sintra, Excesso (parte I e II) tem de ser incluídos. Resumindo, nesta situação, as rádios que são livres de passar o que querem (e muito bem) e o que o seu público-alvo quer (previamente educado pela própria estação de rádio) desde que passem, por exemplo, 40% de música cantada em português ou instumental tocada por portugueses. Claro que o português não è apenas falado Portugal, e atendendo que “a minha pátria é o português” (é mais ou menos assim, e acho que foi dito pelo Jorge Amado), contaria para a estatística musica cabo-verdiana, brasileira, guineense, angolana, moçambicana, macaense timorense, e até a nelly furtado tem lugar, desde que seja em PORTUGUÊS.
Independentemente do valor 40%, parece-me que esta seria a solução mais pragmática para resolver a questão, afinal o que é música portuguesa? (post termómetro da semana passada). Já os estou a ouvir a berrar, perdão, a cantar, os excluídos. Porque não é baseada em critérios de qualidade. Pois não. E quê? Life’s a bitch (perdoem-me o inglês, trad: a vida é fodida). Cantem em português, quem tem criatividade para escrever em inglês, também a terá para o fazer em português. É mais fácil em inglês? Pois, os ouvintes não estão tão atentos às banalidades que são cantadas, é mais fácil de de dizer amor em inglês, segundo os clã. Assim vamos vender menos, dizem os do Pop-Rock, pois os do pimba já escrevem em português à muitos anos. Mas quem vou ouve e grava, perdão mais uma vez, e compra os Álbuns, não vai certamente passar a ouvir Santamaria.
Um pequeno exercício de memória. Quais foram os álbuns portugueses mais vendidos, e os artistas que mais venderam, na ultima década? Estão recordados? Vou dar uma ajuda. Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Delfins (blagh), Xutos e Pontapés, Silence 4, Paulo Gonzo, Marco Paulo, Tony Carreira, Ágata, The Gift, Clã, Sérgio Godinho… pesquisem e vejam se encontram por lá estes e outros. Mas aproveitem e vejam na vossa lista quantos destes cantam em português e quantos cantam em inglês. Mesmo vendo pelo prisma comercial não terei dúvidas em afirmar que a musica portuguesa cantada em português vende, e vende muito, e que apenas esporadicamente surgem, de entre muitos, valores seguros, em termos comercias e criativos noutras línguas.
Uma nota para a Antena 2. Esta rádio é especializada em música clássica e terei de abrir uma excepção (e eu detesto as excepções às leis) assumindo que Mozart, Chopin.... já fazem parte da cultura universal. E para as rádios locais, que certamente serão das poucas que cumprem a lei já existente, embora a musica seja de qualidade duvidosa.
Para terminar vou justificar os 40% (até 60%). Eu quero a lingua portuguesa tenha espaço, mas não posso deixar que o publico deixe de ter acesso generalizado a musica em outras linguas, não tardava nada estavamos a ouvir As pedras rolantes ou As portas, Riscas Brancas, Robinho Guilherme, tal como acontece em Espanha. E nós sabemos o jeito que os espanhóis têm para falar inglês (ou português)
Vou imaginar que sou legislador (não tentem isto em casa, eu sou um profissional – ou louco - não interessa) e que tenho em mãos a tarefa de criar uma lei que regulamente a passagem de música portuguesa, para começar, na rádio. Nada de novo, existem leis em Portugal (que não é cumprida pela generalidede das rádios de âmbito nacional), na Espanha, e na França pelo menos, com o objectivo de proteger a música nacional enquanto forma de expressão cultural de um povo.
Eu por norma desconfio de todas as leis que queiram proteger uma actividade, “cultural” ou não, por razões de interesse nacional. Isto porque na maior parte dos casos as actividades protegidas geram dinheiro, logo, alguém vai lucrar e não estou só a falar do estado que irá arrecadar impostos dos lucros resultantes da actividade. Como se sabe, em Portugal, proteger uma actividade significa à partida um descontozinho nos impostos. Ficamos todos a arder excepto os tais que são protegidos (ou quem lucra com eles). Digam que sou de direita se quiserem, eu não gosto é de fazer de parvo.
A música como qualquer outra actividade “cultural” gera muito dinheiro, mas o meu 1º ministro disse, pá, é chato ir contra a tuas ideias, mas arranja uma leizita que os cale, que nos faça ganhar dinheiro e votos, e se puderes (mas não te esforces muito) que seja boa para o país.
Bem, se tenho que defender a música portuguesa porque ela é parte da identidade do país e não como a actividade económica que é (é o principio que baseia esta lei), tenho de excluir da lei toda a musica que seja cantada noutra língua que não o português e o mirandês. E não tenho de seguir qualquer critério de qualidade, sempre discutível, atirando para o “lixo” (deixando de fora da lei) bandas como Blind Zero e Silence 4. se a sua qualidade é inegável, não prestação um serviço publico à língua portuguesa. Obviamente Agáta, Mónica Sintra, Excesso (parte I e II) tem de ser incluídos. Resumindo, nesta situação, as rádios que são livres de passar o que querem (e muito bem) e o que o seu público-alvo quer (previamente educado pela própria estação de rádio) desde que passem, por exemplo, 40% de música cantada em português ou instumental tocada por portugueses. Claro que o português não è apenas falado Portugal, e atendendo que “a minha pátria é o português” (é mais ou menos assim, e acho que foi dito pelo Jorge Amado), contaria para a estatística musica cabo-verdiana, brasileira, guineense, angolana, moçambicana, macaense timorense, e até a nelly furtado tem lugar, desde que seja em PORTUGUÊS.
Independentemente do valor 40%, parece-me que esta seria a solução mais pragmática para resolver a questão, afinal o que é música portuguesa? (post termómetro da semana passada). Já os estou a ouvir a berrar, perdão, a cantar, os excluídos. Porque não é baseada em critérios de qualidade. Pois não. E quê? Life’s a bitch (perdoem-me o inglês, trad: a vida é fodida). Cantem em português, quem tem criatividade para escrever em inglês, também a terá para o fazer em português. É mais fácil em inglês? Pois, os ouvintes não estão tão atentos às banalidades que são cantadas, é mais fácil de de dizer amor em inglês, segundo os clã. Assim vamos vender menos, dizem os do Pop-Rock, pois os do pimba já escrevem em português à muitos anos. Mas quem vou ouve e grava, perdão mais uma vez, e compra os Álbuns, não vai certamente passar a ouvir Santamaria.
Um pequeno exercício de memória. Quais foram os álbuns portugueses mais vendidos, e os artistas que mais venderam, na ultima década? Estão recordados? Vou dar uma ajuda. Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Delfins (blagh), Xutos e Pontapés, Silence 4, Paulo Gonzo, Marco Paulo, Tony Carreira, Ágata, The Gift, Clã, Sérgio Godinho… pesquisem e vejam se encontram por lá estes e outros. Mas aproveitem e vejam na vossa lista quantos destes cantam em português e quantos cantam em inglês. Mesmo vendo pelo prisma comercial não terei dúvidas em afirmar que a musica portuguesa cantada em português vende, e vende muito, e que apenas esporadicamente surgem, de entre muitos, valores seguros, em termos comercias e criativos noutras línguas.
Uma nota para a Antena 2. Esta rádio é especializada em música clássica e terei de abrir uma excepção (e eu detesto as excepções às leis) assumindo que Mozart, Chopin.... já fazem parte da cultura universal. E para as rádios locais, que certamente serão das poucas que cumprem a lei já existente, embora a musica seja de qualidade duvidosa.
Para terminar vou justificar os 40% (até 60%). Eu quero a lingua portuguesa tenha espaço, mas não posso deixar que o publico deixe de ter acesso generalizado a musica em outras linguas, não tardava nada estavamos a ouvir As pedras rolantes ou As portas, Riscas Brancas, Robinho Guilherme, tal como acontece em Espanha. E nós sabemos o jeito que os espanhóis têm para falar inglês (ou português)
Sunday, January 04, 2004
Playing solitaire with captain Canguru
Enquanto jogava solitário comigo próprio, como convém, deparei-me com a necessidade de tomar uma decisão: 2 reis e apenas um espaço. Tiro o rei do monte, libertando assim uma carta escondida, ou tiro o rei do baralho, ficando com uma carta também desonhecida? Independentmente da minha opção, sei que esta decisão, é irreversível (é o solitário do windows) e irá alterar por complemento o rumo do jogo. E pior, não sei se alguma das opções é melhor que a outra, se alguma me irá permitir finalizar o jogo. Pensando bem, também podem ser igualmente boas as 2 opções.
Também isto acontece na nossa vida. Tomamos decisões sem pensar que a nossa vida, mesmo que não mude, será diferente em 2 realidades alternativas. E não vale a pena ficcionar acerca das opções, pois só irá atrasar a decisão, porque o futuro é sempre uma incógnita. Isto é apenas uma banalidade, e se pensar antes de agir evita muitas chatices, também não é menos verdade que quando agimos espontaneamente as boas surpresas teimam em surgir. Pelo menos são surpresas.
Não sigo também o modelo americanóide dos filmes, onde entre sair de casa agora ou daqui a 5 minutos, poderá estar a diferença de conhecer a mulher dos nossos sonhos, ou sermos mordidos pelo bulldog do vizinho gay. Falo de coisas tão superfulas como estas, mas com muito mais importância. Um exemplo, um miúdo de 10 anos tem a possibilidade de entrar para um clube de futebol como ocupação de tempos livres, ou de ir para um grupo de escuteiros. Nada mais banal, podia ser ballet, artes marciais, ou vender droga.
Na realidade, ele ao tomar uma decisão destas estará a mudar definitivamente a sua vida, e muito provavelmente a sua personalidade. No mínimo, o seu grupo de amigos será diferente, logo os seus interesses serão mudados, a música que ouve, os locais que frequenta. Mais… será lógico pensar que quando tiver de escolher uma turma na escola, ou as diciplinas de opção/agrupamentos, ele escolha aquele(a) onde estarão os seus amigos. Pode não fazer diferença nenhuma… mas o provável é que faça. ainda por cima estou a referir a um periodo de vida onde a personalidade è mais fortemente moldade, e quando a maioria dos miúdos é mais influenciável pelo grupo de amigos
Caminhando pela vida do garoto, agora já com uns pelos na cara, temos a escolha da universidade/curso… nesta parte todos nós pensamos. Bem, muitos já sabem o que querem e onde querem, outros, os pais já sabem por eles. E alguns estão limitados aquilo que deixaram de fazer no ensino secundário. E será que ele completou o 12º ano? E não estará ele apaixonado, e limita as opções em função das da namorada (ou vice-versa)? Não seria o 1º nem o último. E não podemos esquecer que todas estas decisões, ou a possibilidade de as tomar, já estão impregnadas com o aroma o sabor do saibro ou com o aroma dos pinheiros. Nenhuma decisão é melhor ou pior que a outra, a diferença, esta na nossa capacidade intrinsica de adaptação e de saber aproveitar ao máximo aquilo que escolhemos, ou alguém escolheu por nós. E mais importante, saltar fora no momento em que o comboio abranda. A dor e as nódoas desaparecem facilmente. Ou não.
Esta é a inevitabilidade da nossa vida, tomar decisões e ter de viver segundo elas, sempre sem pensar no que poderia ter sido se… bem, se a minha avó tivesse rodas era um tractor agrícola.
Escolhi o rei do monte. Perdi o jogo.
Enquanto jogava solitário comigo próprio, como convém, deparei-me com a necessidade de tomar uma decisão: 2 reis e apenas um espaço. Tiro o rei do monte, libertando assim uma carta escondida, ou tiro o rei do baralho, ficando com uma carta também desonhecida? Independentmente da minha opção, sei que esta decisão, é irreversível (é o solitário do windows) e irá alterar por complemento o rumo do jogo. E pior, não sei se alguma das opções é melhor que a outra, se alguma me irá permitir finalizar o jogo. Pensando bem, também podem ser igualmente boas as 2 opções.
Também isto acontece na nossa vida. Tomamos decisões sem pensar que a nossa vida, mesmo que não mude, será diferente em 2 realidades alternativas. E não vale a pena ficcionar acerca das opções, pois só irá atrasar a decisão, porque o futuro é sempre uma incógnita. Isto é apenas uma banalidade, e se pensar antes de agir evita muitas chatices, também não é menos verdade que quando agimos espontaneamente as boas surpresas teimam em surgir. Pelo menos são surpresas.
Não sigo também o modelo americanóide dos filmes, onde entre sair de casa agora ou daqui a 5 minutos, poderá estar a diferença de conhecer a mulher dos nossos sonhos, ou sermos mordidos pelo bulldog do vizinho gay. Falo de coisas tão superfulas como estas, mas com muito mais importância. Um exemplo, um miúdo de 10 anos tem a possibilidade de entrar para um clube de futebol como ocupação de tempos livres, ou de ir para um grupo de escuteiros. Nada mais banal, podia ser ballet, artes marciais, ou vender droga.
Na realidade, ele ao tomar uma decisão destas estará a mudar definitivamente a sua vida, e muito provavelmente a sua personalidade. No mínimo, o seu grupo de amigos será diferente, logo os seus interesses serão mudados, a música que ouve, os locais que frequenta. Mais… será lógico pensar que quando tiver de escolher uma turma na escola, ou as diciplinas de opção/agrupamentos, ele escolha aquele(a) onde estarão os seus amigos. Pode não fazer diferença nenhuma… mas o provável é que faça. ainda por cima estou a referir a um periodo de vida onde a personalidade è mais fortemente moldade, e quando a maioria dos miúdos é mais influenciável pelo grupo de amigos
Caminhando pela vida do garoto, agora já com uns pelos na cara, temos a escolha da universidade/curso… nesta parte todos nós pensamos. Bem, muitos já sabem o que querem e onde querem, outros, os pais já sabem por eles. E alguns estão limitados aquilo que deixaram de fazer no ensino secundário. E será que ele completou o 12º ano? E não estará ele apaixonado, e limita as opções em função das da namorada (ou vice-versa)? Não seria o 1º nem o último. E não podemos esquecer que todas estas decisões, ou a possibilidade de as tomar, já estão impregnadas com o aroma o sabor do saibro ou com o aroma dos pinheiros. Nenhuma decisão é melhor ou pior que a outra, a diferença, esta na nossa capacidade intrinsica de adaptação e de saber aproveitar ao máximo aquilo que escolhemos, ou alguém escolheu por nós. E mais importante, saltar fora no momento em que o comboio abranda. A dor e as nódoas desaparecem facilmente. Ou não.
Esta é a inevitabilidade da nossa vida, tomar decisões e ter de viver segundo elas, sempre sem pensar no que poderia ter sido se… bem, se a minha avó tivesse rodas era um tractor agrícola.
Escolhi o rei do monte. Perdi o jogo.
Para ti M.
Sento-me pela segunda vez a lutar com este teclado…desta vez é diferente. Já não estou furioso com todos…agora é só comigo.
Lembro-me como se a imagem daqueles momentos tivessem ficado marcados na minha retina. As imagens são ferros quentes que me marcaram como um criador de gado marca as crias – estas são minhas. As imagens são minhas e fui eu me marquei, ou não! Não sei muito quem foi o autor desta pintura tão marcante, mas sei que tenho de escrever sobre ela para que ela se esbata, e permita a visão de outras coisas… outros momentos que fiquem marcados, e mais tarde tenha de os apagar. Apagar? Não eles estão lá sempre, uma marca de nascença, marcas que vão nascendo e ficando.
Estávamos em frente ao ecrã de cinema. Tão grande. A imitação da vida, que a vida que já imita, torna-se maior que a nossa vida, substitui nossa vivência. Sítios onde já precisamos de ir, amores impossíveis que já não precisamos de sofrer, e que não sofreríamos de qualquer forma. Encosto-me ao seu ombro, suavemente, uma pena a repousar no fim de uma longa viagem. E olho para o ecrã mais uma vez. As imagens que passam, são banais e banalizam a nossa vida. Banais porque as vemos repetidas vezes sem conta, em ecrãs diferentes é certo, e também com rostos diferentes, mas as expressões destes rostos todos não mudam. Fazem-me lembrara as mascaras de Carnaval vendidas em série a uma série de crianças indistintas, que mais parecidas ficam. Mascaras que pretendem simular emoções e apenas nos tornam mais iguais, mas desta vez com expressões de borracha.
Beijam-me dois amantes após uma série de encontros e desencontros… acho que vivem felizes para sempre. Para sempre?!?!? Que sempre é este? É o tempo que dura o beijo? É o resto do filme? Ou será que se consegue prolongar para lá da tela, na vida real? A vida é bela, e vivemos estupidamente felizes, estupidificados por nós próprios… buscamos a estupidificação de cada vez que procuramos produtos para sermos mais iguais aos outros enquanto nos cremos diferentes.
A mão dela..tão suave… passa no meu rosto, não consigo… a raiva, que me consome…raiva! Medo! Impotência… não sei. Não sei se te amo ou não. Sei que já amei nem que por breves instantes. Mas agora… agora não sei… gostava que ela me dissesse, que a sua mão fosse o fio condutor do seu pensamento e que este se me revela-se… uma aparição divina tão terrena.
Sinto a sua respiração mais ofegante, sinto a sua vontade de se mover na minha direcção. Não faças isso, grito de boca fechada, com o olhar suplicante. Olha-me com os seus olhos grandes, brilhantes, um ecrã muito mais bonito e com mais para revelar. A respiração dela já bate de encontro ao meu rosto, mais forte, mais…indefinida… por favor dá-me um sinal, aquele que faltou durante tanto tempo. Sempre esperas-te que fosse eu a dar o primeiro passo, tão forte e decidida que és para tudo e tão hesitante em relação a mim.
Revelas piedade no teu olhar... quem ama não quer piedade, e eu não sei se te amo. O teu peito encostado ao meu ombro acompanha a tua respiração ofegante, quente, sensual. Quem ama não busca apenas a luxúria, esta vem como um bónus, e eu não sei se te amo.
Inclinou-se para me beijar, o beijo que tanto desejo, o beijo da estupidificação final. Do final feliz, do herói inútil que fica com a mulher atraente. Mas eu não te quero beijar. Isso acabou. Somos diferentes. A ti o filme inspirou o beijo. A mim a repulsa, do beijo, dos filmes…. de ti. Sim de ti. És um deles, queres um final feliz. Isso não existe, percebi-o graças a ti. Ficarei seco e cínico, mas sei que os finais felizes não existem. Por detrás de cada final feliz existe alguém que ficou a chorar por ti, por mim. Ficamos nós.
Sei-o agora, mas quando virei a cara ao desejo dela não sabia. Estávamos a ser observados. Mais soube que ele tinha morrido, e precisamente naquela sala de cinema, foi deixado ali sozinho abandonado, pelos espectadores que viram nele apenas um velho que deixara adormecer durante um filme “tão bom”. Enganaram-se, embora ele já tivesse visto aquele filme muitas vezes, durante a sua vida, com outros rostos mas as mesmas emoções, não adormeceu. Morreu ao saber que estava impotente para me curar.
Sento-me pela segunda vez a lutar com este teclado…desta vez é diferente. Já não estou furioso com todos…agora é só comigo.
Lembro-me como se a imagem daqueles momentos tivessem ficado marcados na minha retina. As imagens são ferros quentes que me marcaram como um criador de gado marca as crias – estas são minhas. As imagens são minhas e fui eu me marquei, ou não! Não sei muito quem foi o autor desta pintura tão marcante, mas sei que tenho de escrever sobre ela para que ela se esbata, e permita a visão de outras coisas… outros momentos que fiquem marcados, e mais tarde tenha de os apagar. Apagar? Não eles estão lá sempre, uma marca de nascença, marcas que vão nascendo e ficando.
Estávamos em frente ao ecrã de cinema. Tão grande. A imitação da vida, que a vida que já imita, torna-se maior que a nossa vida, substitui nossa vivência. Sítios onde já precisamos de ir, amores impossíveis que já não precisamos de sofrer, e que não sofreríamos de qualquer forma. Encosto-me ao seu ombro, suavemente, uma pena a repousar no fim de uma longa viagem. E olho para o ecrã mais uma vez. As imagens que passam, são banais e banalizam a nossa vida. Banais porque as vemos repetidas vezes sem conta, em ecrãs diferentes é certo, e também com rostos diferentes, mas as expressões destes rostos todos não mudam. Fazem-me lembrara as mascaras de Carnaval vendidas em série a uma série de crianças indistintas, que mais parecidas ficam. Mascaras que pretendem simular emoções e apenas nos tornam mais iguais, mas desta vez com expressões de borracha.
Beijam-me dois amantes após uma série de encontros e desencontros… acho que vivem felizes para sempre. Para sempre?!?!? Que sempre é este? É o tempo que dura o beijo? É o resto do filme? Ou será que se consegue prolongar para lá da tela, na vida real? A vida é bela, e vivemos estupidamente felizes, estupidificados por nós próprios… buscamos a estupidificação de cada vez que procuramos produtos para sermos mais iguais aos outros enquanto nos cremos diferentes.
A mão dela..tão suave… passa no meu rosto, não consigo… a raiva, que me consome…raiva! Medo! Impotência… não sei. Não sei se te amo ou não. Sei que já amei nem que por breves instantes. Mas agora… agora não sei… gostava que ela me dissesse, que a sua mão fosse o fio condutor do seu pensamento e que este se me revela-se… uma aparição divina tão terrena.
Sinto a sua respiração mais ofegante, sinto a sua vontade de se mover na minha direcção. Não faças isso, grito de boca fechada, com o olhar suplicante. Olha-me com os seus olhos grandes, brilhantes, um ecrã muito mais bonito e com mais para revelar. A respiração dela já bate de encontro ao meu rosto, mais forte, mais…indefinida… por favor dá-me um sinal, aquele que faltou durante tanto tempo. Sempre esperas-te que fosse eu a dar o primeiro passo, tão forte e decidida que és para tudo e tão hesitante em relação a mim.
Revelas piedade no teu olhar... quem ama não quer piedade, e eu não sei se te amo. O teu peito encostado ao meu ombro acompanha a tua respiração ofegante, quente, sensual. Quem ama não busca apenas a luxúria, esta vem como um bónus, e eu não sei se te amo.
Inclinou-se para me beijar, o beijo que tanto desejo, o beijo da estupidificação final. Do final feliz, do herói inútil que fica com a mulher atraente. Mas eu não te quero beijar. Isso acabou. Somos diferentes. A ti o filme inspirou o beijo. A mim a repulsa, do beijo, dos filmes…. de ti. Sim de ti. És um deles, queres um final feliz. Isso não existe, percebi-o graças a ti. Ficarei seco e cínico, mas sei que os finais felizes não existem. Por detrás de cada final feliz existe alguém que ficou a chorar por ti, por mim. Ficamos nós.
Sei-o agora, mas quando virei a cara ao desejo dela não sabia. Estávamos a ser observados. Mais soube que ele tinha morrido, e precisamente naquela sala de cinema, foi deixado ali sozinho abandonado, pelos espectadores que viram nele apenas um velho que deixara adormecer durante um filme “tão bom”. Enganaram-se, embora ele já tivesse visto aquele filme muitas vezes, durante a sua vida, com outros rostos mas as mesmas emoções, não adormeceu. Morreu ao saber que estava impotente para me curar.
Saturday, January 03, 2004
Hoje acordei com uma erecção!
Estranho… nem sequer sonhei. Aliás, tenho dúvidas se teria sequer dormido. O coreu-me ir à casa de banho urinar… o corpo humano tem destas coisas, eo meu não melhor nem pior que os restantes. Mas não passou… esta não era um vulgar “tesão do mijo”. Olhei para ela, tão majestosa, e quis mantê-la por muito tempo. Não que tenha dificuldade em manter, ou ter, erecções, mas esta era especial. Não tinha dedicatória, não era originada por ninguém… uma verdadeira cidadã do mundo. Tinha uma vida própria, sentia o seu pulsar contra o tecido… queria sair e mostrar-se orgulhosa ao mundo, como um belo exemplar da força da natureza. A força da natureza.
Esta erecção procurava, e merecia ter morrido na doce fatiga de um campo de batalha, um Jesus crucificado, que depois de morto repousa na gruta embrulhado numa mortalha perfumada. Mas nada aconteceu…
E a erecção definhou resiganda pela ausência de motivo que a justifica-se, triste por ser apenas um breve fogacho que poderia ter sido vida, triste por não ter tido finalidade alguma, excepto ter existido. Merecia ter morrido com dignidade, morte triste de um soldado com potencial para ser General, decidir a vida e a morte, tomar decisões.
Não morreu em pé como as árvores, caiu como uma folha.
Estranho… nem sequer sonhei. Aliás, tenho dúvidas se teria sequer dormido. O coreu-me ir à casa de banho urinar… o corpo humano tem destas coisas, eo meu não melhor nem pior que os restantes. Mas não passou… esta não era um vulgar “tesão do mijo”. Olhei para ela, tão majestosa, e quis mantê-la por muito tempo. Não que tenha dificuldade em manter, ou ter, erecções, mas esta era especial. Não tinha dedicatória, não era originada por ninguém… uma verdadeira cidadã do mundo. Tinha uma vida própria, sentia o seu pulsar contra o tecido… queria sair e mostrar-se orgulhosa ao mundo, como um belo exemplar da força da natureza. A força da natureza.
Esta erecção procurava, e merecia ter morrido na doce fatiga de um campo de batalha, um Jesus crucificado, que depois de morto repousa na gruta embrulhado numa mortalha perfumada. Mas nada aconteceu…
E a erecção definhou resiganda pela ausência de motivo que a justifica-se, triste por ser apenas um breve fogacho que poderia ter sido vida, triste por não ter tido finalidade alguma, excepto ter existido. Merecia ter morrido com dignidade, morte triste de um soldado com potencial para ser General, decidir a vida e a morte, tomar decisões.
Não morreu em pé como as árvores, caiu como uma folha.
Friday, January 02, 2004
Já passou...
Já é dia 2 de janeiro de 2004, e sobrevivi á passagem de ano, com as tradicionais palmadinhas nas costas, o alcóol nas mais diversas formas, etc.
Já hoje me perguntaram como correu o ano.... bem. Ainda estou vivo não perdi nenhuma parte do corpo, não cumpri nenhum dos objectivos deliniados no ano passado... enfim, 2003 foi sucesso.
E 2004? Bem, não fiz planos, nem promessas. Aliás, ainda nem pensei nisso! E também não vou pensar.
Mas comecei por deitar abaixo algumas das pequenas convenções sociais e de boa educação. Bem foi só uma e alguns vão deitar as mãos à cabeça... eu bebi Champagne (notem que está escrito em francês, logo não é espumante das caves do tarolho) por um copo de água de castelo... e não satisfeito (a sede apertou), bebi directamente da garrafa (a olho).
Foi a assim que comecei o ano.... deprimente?de modo algum fi-lo conscientemente. As coisas tem o valor que cada um lhe atribui, e eu tenho mais respeito por uma bela vodka do que por vinho branco com borbulhas, que os campónios teimam em sobrevalorizar.
Mas consegui muito em 2003. consegui ser eu proprio, consegui escrever neste blog, consegui manter a minha sanidade mental (quase) intacta.
Não festejei 2004. ele está ái independentemente do que tenah feito ou deixado de fazer. Este ano não me pertence, tal como não me pertence nenhum. Aliás, o ano chinês ainda não começou! No fim de contas as divisões temporais são úteis do ponto de vista prático mas não devem ter um tal poder sobre nós que possam influenciar o nosso estado de espirito, as nossas ideias as nossas convições, enfim nada daquilo que nos pertence,é pessoal e intransmissivel.
Eu voltarei....
Já é dia 2 de janeiro de 2004, e sobrevivi á passagem de ano, com as tradicionais palmadinhas nas costas, o alcóol nas mais diversas formas, etc.
Já hoje me perguntaram como correu o ano.... bem. Ainda estou vivo não perdi nenhuma parte do corpo, não cumpri nenhum dos objectivos deliniados no ano passado... enfim, 2003 foi sucesso.
E 2004? Bem, não fiz planos, nem promessas. Aliás, ainda nem pensei nisso! E também não vou pensar.
Mas comecei por deitar abaixo algumas das pequenas convenções sociais e de boa educação. Bem foi só uma e alguns vão deitar as mãos à cabeça... eu bebi Champagne (notem que está escrito em francês, logo não é espumante das caves do tarolho) por um copo de água de castelo... e não satisfeito (a sede apertou), bebi directamente da garrafa (a olho).
Foi a assim que comecei o ano.... deprimente?de modo algum fi-lo conscientemente. As coisas tem o valor que cada um lhe atribui, e eu tenho mais respeito por uma bela vodka do que por vinho branco com borbulhas, que os campónios teimam em sobrevalorizar.
Mas consegui muito em 2003. consegui ser eu proprio, consegui escrever neste blog, consegui manter a minha sanidade mental (quase) intacta.
Não festejei 2004. ele está ái independentemente do que tenah feito ou deixado de fazer. Este ano não me pertence, tal como não me pertence nenhum. Aliás, o ano chinês ainda não começou! No fim de contas as divisões temporais são úteis do ponto de vista prático mas não devem ter um tal poder sobre nós que possam influenciar o nosso estado de espirito, as nossas ideias as nossas convições, enfim nada daquilo que nos pertence,é pessoal e intransmissivel.
Eu voltarei....
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