Todos nascemos mortos!
Já não tenho medo de nada! Não tenho medo que o céu me caia em cima, nem medo do medo em si. Venci a última barreira, deixei de ter medo do desconhecido. Já não tenho medo da morte! Mais importante: não tenho medo do que lhe segue (ou não).
Agora sei porque a morte nos atemoriza tanto. Mais do que não sabermos se cumprimos qualquer objectivo válido em vida, e afinal de contas a morte simboliza a terminus de um periodo, temos medo da morte porque não sabemos (crentes em algo e não-crentes de nada) o que vai acontecer depois. Eu pelo menos confesso que nunca conheci nenhum morto que me tenha informado do que aconteceu após a sua não-existência!
Mas... nós todos já nascemos mortos. Todos nascemos com esta espécie de estrela de david na testa. Eu estou Morto! É a única coisa que tenho como certa – um dia destes vou morrer!
Mas não me vou curvar perante essa senhora. Vou esperá-la calmamente no leito a ler um belo livro. Não irei implorar que venha nem fechar-lhe a porta do meu quarto. Vou abrir os lençois da cama, abraça-la e fazer amor. Eu vou fazer amor com a morte! Só assim ela compreenderá que alguns de nós, os destinados a servi-la, não a receiamos. Compreendemo-la, aceitamo-la com dignidade.
E quando tivermos o nosso orgasmo simultâneo abandonarei isto a que chamam vida, abraçado à minha nova paixão, a morte. Criaremos um mundo novo só nosso do zero sem interferências sem fronteiras sem limites sem razões. Deixarei tudo para trás sem remorsos.
E se não houver nada nem morte nem pós-morte... um vazio? No vazio ficarei. Num limbo encontrarei felicidade.
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