Não passou despercebido à imprensa nacional e aos (auto-)denominados opinion makers a resolução da Academia de Coimbra de realizar um referendo interno, questionando a realização, ou não, da queima das fitas 2004. pssaou mais ou menos despercebido o resultado: a maioria dos votantes decidiu que irá ser realizada.
A não realização da queima das fitas, evento onde rola mais dinheiro e álcool do que tradição (a única que ainda se mantém é a beber até cair), seria uma forma de protesto contra o aumento (ou existência de propinas), e em 2º plano todas as outras medidas da nova lei do ensino superior. Para os opinion (des)makers esta forma de protesto fazia tremer os cidadãos deste pais (pelo menos os que possuem interesses em cervejarias). Consideraram-na ridícula, infantil, despropositada… E então que formas de luta sugerem? Bloquear estradas? Fechar edifícios a cadeado? Amarrar bombas à cinta e fecharem-se em casas de banho? (a opção por estas formas levaria a que os estudantes fossem considerados irreponsáveis... etc, já estão a imaginar o filme). Eu sou a favor desta forma de luta (embora esteja em desacordo com os princípios que deram origem a esta luta estudantil), pois não sendo a queima das feitas um evento de extraordinária importância para o país (especialmente naquilo que se tem tornado nos últimos anos), é um momento de muita importância para os estudantes conimbricenses.
E qual é o princípio que deve nortear as formas de protesto? Deve-se prescindir de algo que é muito querido aos que protestam sensibilizando e tornando favoráveis os que estão de fora? Ou deve-se causar incomodo à sociedade em geral para tornar mais visível a luta e o que lhe dá origem (greves dos transportes públicos, por ex.)? Os estudantes do ensino superior após terem tentado a segunda forma, sem resultados visíveis para além de terem conseguido virar contra si quase toda a população não estudante do país (excepto os lideres dos partidos da oposição, vá-se lá saber porquê), viraram-se, e bem, para a primeira opção.
Mas ainda existem outras formas de lutas não exploradas (há muita falta de imaginação e vontade de inovar na população estudantil portuguesa – eu sei, fui e sou um deles). A minha preferida - greve de zelo ,e já tentada - imaginem durante uma semana TODA a gente ir às aulas (a todas)? Pois se uma das queixas dos alunos é a falta de condições e físicas e humanas, porque não prová-lo? Aposto que os Reitores e Professores gostariam, acho até que gostariam muito. Eu sei que custa muito a malta ir ressacada para uma aula teórica às 9 e 10 da manhã, mas se a luta é para ser levada a sério, alguns sacrifícios tem de ser feitos por parte dos interessados! Mas isto sou eu a sonhar. Aposto que se esta forma de luta fosse adoptada não apareciam nas salas de aula mais 10-20% do que o normal dos alunos (e 99% concordaria com a forma de luta escolhida).
Isto parece anedótico mas é verídico: na faculdade de letras da faculdade de Coimbra, os alunos resolveram fazer uma greve de zelo. Surpresa das surpresas no dia marcado para a greve, não apareceu quase ninguém nas aulas! Ainda menos do que o normal. Explicação: os alunos desta faculdade acharam que era uma greve como as demais e depois de uma boa noite de borga, aderiram à greve faltando as aulas. Brilhante, não é?
O resultado do referendo ditou que este ano vai ser realizada a queima das fitas.
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