Se eu fosse uma cor seria o preto.
Este seria o estado absoluto de felicidade. A ausência total de todas as cores.
O branco é apenas a covardia disfarçada. Quem quer ser todas as cores em simultâneo? Gerada por um caleidoscópio de tudo?
Só no vazio, na ausência de tudo poderei ter a audácia de me encontrar finalmente. Liberto de todas as grilhetas que prendem o pensamento, as emoções, a criatividade. Concentrado apenas no acessório, para depois o subtrair, ficando com nada: o essencial.
Este seria o meu elixir da eterna juventude. Nadaria eternamente no nada de bom grado. Quem precisa de falsas convenções, sorrisos falaciosos, falas mansas. É o oco que preenche o branco. Amordaça-o. Fá-lo pensar que a alternativa ao branco será a não existência. E qual é o mal disto? O branco alguma vez existiu? Ou sobrevive enquanto os Homens não o substituírem por outro conceito qualquer, deixarem de reparar nele. Ou até os Homens deixarem de existir.
Deixem-me sonhar que um dia poderei repousar num limbo. No vazio absoluto. Um dia serei o Preto.
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