Vamos à caça?
Os predadores são dentro de todos os seres vivos os que estão no topo da cadeia alimentar, não melhores nem piores que os outros, mas simplesmente estão no topo.
Os predadores fascinam-me. Gosto mais de uns do que outros, mas fascinam-me. As suas estratégias, a sua capacidade de atacar os mais fracos e os supostamente mais fortes. A selecção das presas, a sua “racionalidade” – só caçam quando tem fome, ou precisam de alimentar a sua prole.
Comecemos pela realeza. Os leões. São reis e como tal vivem à conta do medo que tentam infringir aos outros. Como realeza que são, não são grande coisa. Felizmente em Portugal já não existem Reis, pois pelos exemplos do passado poucos tinham algo mais na cabeça do que a soberba, ou a juba. Imaginem o que seria o D. Duarte como nosso Rei… Acordem é só um sonho mau… já passou. Os leões passam dias de ócio até terem fome. Depois andam largos minutos a correr desenfreadamente atrás de dezenas e até centenas de possíveis presas para com sorte apanharem uma ou duas. E ainda repartem pela corte. Estúpidos.
Tenho uma certa afeição pelos répteis, mais precisamente as cobras e afins. Estes rastejam silenciosamente, circulam quase inocentemente e com muito low-profile. Quando atacam ou são atacadas, por terra, fixam o adversário nos olhos. Um olhar hipnótico, dizem alguns. As cascavéis ainda possuem um pseudo-chocalho inebriante, sedante. Uma pequena mordidela basta para a imobilização e morte dos oponentes. Um golpe desferido com rapidez e eficácia. Outras, como as jibóias e anacondas, atacam lentamente, vindas sabe-se lá de onde para dar um abraço de boas-vindas… devemos ser carinhosos com as nossas refeições. Verdadeiras smooth operators.
Os meus favoritos… as aves de rapina. Estão lá em cima, praticamente a salvo de qualquer ataque. Planam longamente aproveitando-se das correntes, quase alheadas do que se passa cá em baixo. Elas estão atentas. Visão poderosa, facilitada por verem tudo de cima, apercebem-se de todas as movimentações. O factor surpresa… um voo picado, repentino, inesperado, e já estão a ir para o seu refúgio. Sozinhas? Não. Nas garras, ou no bico, já repousa um pequeno roedor, um peixe, ou até, uma cobra. Podem até debater-se com coragem, mas o seu destino já está traçado. De uma eficácia a toda a prova. Enquanto que os répteis ficam vulneráveis enquanto comem a presa (ficam literalmente inchados de orgulho), as aves de rapina preferem deliciar-se com o seu manjar longe de olhares indiscretos, no seu ninho.
Os abutres. Asquerosos e cobardes. Comem o que os outros deixam, ou pior, atacam para ficar com o saque, que outros tiveram o trabalho de conseguir. Ficam no ar à espera do momento em que a presa está demasiado fraca para combater pela vida. Ou está sem vida. São pacientes. A única qualidade que lhes concedo. Mas também são irritantes. Fazem várias tentativas de quase-ataque insípidas para verificar o estado real da vítima. Acercam-se apenas de seres débeis, comatosos. Gostam de carne putrefacta porque não lhes dá trabalho. Comida com risco e esforço mínimo. Que lhes faça bom proveito.
No dias que correm os abutres estão com medo. Equaciona-se a possibilidade de não haver Queima das fitas. E a recepção aos caloiros ainda está tão longe.
È tão difícil embriagar mulheres feitas.
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