Eu sou um pato...
Qua, qua…
E grasno… qua, qua…
Ali em baixo estão os caçadores… deixa-me fugir, qua, qua… mas o que é que eu fiz?! Como me descobriram? Sou tão silencioso… qua, qua… não disparem que eu não vou faço mal... qua, qua…
Ó mãe! Olha o patinho tão bonito! Deixa-me levá-lo para casa! Tão bonitinho… mas está ferido! Espero que não seja como naquela estória estúpida e ele se transforme em cisne! Os cisnes não fazem bons guisados, pois não mãe? Daqui a uns meses se o alimentarmos bem dará uma refeição… humm… vinhos de alho e arroz dos chinocas. Vamos levá-lo mãe!
Eu sou um pato.
Sigo na frente do bando apenas porque grasno mais do que o outros. Sigo sem vontade própria sempre para sul, apenas porque a natureza assim mo ordena. Quero ficar no meio do bando, para ser mais facilmente atingido pelos caçadores. E ser erguido como troféu de masculinadade, “o meu é mais pesado do que o teu” “mas atiras-te ao bando maior, logo, a probabilidade de atingires mais e maiores é superior minha, que apenas atinjo o que me interessa” “isso torna-te tão pato como o que ergo na minha mão” “eu como o que caço” “eu como antes de vir caçar”.
Eu sou um pato... qua... qua...
E todos os anos voo para sul, e volto para o sul que já foi norte. Sempre á procura do calor, sigo cegamente as estações do ano, para me encontrar irremediavelmente frio e a querer partir de novo. Já tentei ficar num único local durante todo o ano, e resisti estóicamente no ninho, suportando o frio e o vento, até me dessensibiliza,r e qual homem da caverna de platão, assumir que o frio é apenas pouco calor e é todo o que necessito! Até chegar a primavera e lembrar-me afinal o calor é mais do que um coneito fisico. O calor é a minha anfetamina, o que faz voar milhares de kilometros para negociar com o meu farmacêutico favorito...
Eu sou um pato, qua... qua...
está na minha natureza voltar e partir, mesmo sabendo todos os perigos que daí advém, e caio em todas as armadilhas, sigo hipnotizado todos os assobios dos caçadores.
Eu começo a ficar farto da sazonalidade das minhas emoções.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment