Numa tarde soalheira como a de hoje...
e na falta de outra companhia, (que não melhor) decidi ir beber uma café ali á Brasileira. Espanto-me sempre com a diversidade morfológica de seres humanos que encontro pelo caminho, embora cheire neles uma certa falta de... bem... falta-lhes quase tudo tudo, excepto banalidade, que, essa sim, daria para encher um estádio de futebol (ou vários).
Decido-me pela melhor mesa da esplanada... a única que está livre. À minha frente está um espécime particularmente interessante. Um neo-hippie (como é fácil classificar humanos) com cerca de 30 anos. Barba comprida à Rabi (ou à Mulah), e cabelo à Jim Morrisson. O empregado não se despacha, está mais preocupado em atender os pedidos de toda a gente ao invés de ser eficiente. Um pormenor, torna o quadro mais interessante. O que seria um indigente, não fossem os modos calmos e educados (um Buda saído do Tallon), tinha uma T-shirt relativa ao último albúm do Legendary Tiger Man… interessante. Começo a impacientar-me com a azáfama caótica do empregado quando ele se dirige à mesa. Um café, se faz favor… E o Hippie move a cabeça ligeiramente em sinal de cumprimento… pelos modos diria que era um filho de papá rico, que desperdiça (?) o dinheiro e a educação dada pelo pai divagando pelo mundo explorando o interior dele próprio numa atitude vagamente anarco-nietzschiana. Respondi com um aceno e ele olhou para cadeira vazia da mesa… acedi ao convite.
Boa tarde. “Não me reconheces?”… “imagina-me com uns pregos nos pulsos e uma coroa de espinhos” ahhh… tu também és rei! Eu sou o último Rei Mouro, e tu o rei, que nunca chegou a ser, dos judeus.
“O seu café” “Marx! Velho camarada de luta! Está por aqui? A trabalhar?!” (Marx? Camarada? Groucho Marx?) “è a vida! O Engels não me dá mais guarida (e não há vagas no Mac)” “O gajo tem ciúmes. Dá-te abrigo e comida.Ajuda-te a construir uma teoria, ou melhor, a reformular a minha teoria de modelo social, e depois... à o marxismo-leninismo, as teorias de Marx, e ele fica destinado a ser recordado como ao gajo que te mantinha, enquanto tu teorizavas, numa certa relação de proxenetismo/prostituição intelectual” “se o povo me recorda lá terá as suas razões...” “o povo! Tu sempre foste um menino rico, e as tuas teorias serviram para exorcisar a os teus problemas em lidar com o capital do teu pai. O socialismo utópico é apenas uma esmola intelectual” “para quem se advoga o primeiro autor desta teoria estás a ser um bom advogado do diabo. De menino prodigio para os Rabis, foste carpinteiro, indigente e mártir. Noto uma certa falta de coragem em assumir a tua verdadeira ambição” “eu estive entre os pobres e os excluídos para os conhecer melhor” “és um animal político! Os excluídos sempre foram o melhor campo de recrutamento para qualquer pseudo-seita poltica...”
Bom, começo a achar que tanta discussão, e este encontro é mais do que uma coincidência. “ tens razão...” ”precisamos de falar contigo...” “é verdade que vasi comprar um casal de humanos?” bom... deus não mos dá, o pai daqui do jeóva é um forreta, e vou ter de os comprar. Que tem vocês que ver com isso? “não faças isso!” “a amnutenção é cara...” “e eles podem começar a adorar-te...” “como nos adoram a nós...” “...e mudam o sentido da nossa mensagem...” “... e vivem as suas vidas em função de quererem ser ou não como nós...” mas isso é vos fez perder! Confessem. O desejo de adoração esteve sempre presente no vosso subonsciente... a necessidade de discipulos... e a vossa moral, os vossos códigos de conduta, o vosso desejo de evangelização... “tu também és um de nós!” “um profeta” “um pensador livre” eu sou um pensador livre. Livre para ser amoral, parábolas sem final, sem conclusões, não quero indicar direções sociais ou politícas. A verdadeira liberdade começou quando deixei de seguir e de ter seguidores. Quando a aranha perdeu a teia. Não pretendo salvar os humanos, nem que eles caminhem para o abismo (eventualmente isso acontecerá sem a minha intervenção). Pretendo estudá-los, observá-los, dissecar os seu comportamentos e emoções, e apontar tudo para memória futura. “não vais ser capaz...” “há-de chegar o dia em que serás como nós...” “e tentarás iniciar o teu próprio movimento social...” “ou matarás os teus humanos com quem sacrifica um cão doente em final de vida...” “ou tirarás conclusões das tuas observações” “e nesse dia serás um humano com tiques de filosófo da tanga” “ou já o és?” o facto aqui é que eu vou mesmo comprar um casal de seres humanos!
E agora? Jeóva, és o mais graduado de nós, que sugeres? “tu que és o rei, tu é que vais pagar, tu é que decides” sou rei sem reinado, o Marx é que trabalha“ ”eu digo, vamos aproveitar enqunto estamos mortos” ”vamos ao paquiderme branco. Há por lá umas almas que devem favores”
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