Sunday, June 18, 2006

Once upon a time in a train

É frequente ouvirmos falar que uma simples acção pode alterar todo o curso de uma vida. Filosofia de Paulo Coelho. Tretas! Ok, estou a ser demasiado duro. Se eu espancar alguém até á morte provavelmente ganho uma estadia grátis em vale de judeus. Mudo logo a minha vida.


Refiro-me á possibilidade holywoodesca de vencer todas as inibicoes e iniciar uma conversa com uma rapariga desconhecida, aleatoriamente, e num passo de não termos o melhor sexo da nossa vida, 4 ou 5 putos, casa, perdão, T5 nos subúrbios e um enterro cristão, com carpideiras e tudo.


Pois bem. Enquanto cientista que sou, vou testar a “Random Happiness Hypothesis!". À minha frente no comboio está sentada uma rapariga lindissíma (ao telefone, acabou de praguejar - perfeito). Olhos azuis cristalinos e um sorriso como o desbrochar de uma flor (sou um romântico!). O bolo no topo desta cereja é um sotaque tão britânico que sinto o smog a rodeiar-me.


Quando me sentei trocámos alguma palavras de circunstancia. Pensei em iniciar uma conversa dizendo algo de espirituoso como: “chove como o caraças por estes lado não?”. Mas não o fiz. Já vi este filme. Já fiz parte do argumento deste filme de serie Z, noutra vida. Esforço, energia dispendida, sorrisos vagos e de enfado, e no fim, saímos em estacoes diferentes aliviados pelo desfecho.


A realidade hooliwodesca é possível! Possível, mas improvável. A natureza, os animais e plantinhas, regem-se por um simples principio: gastar apenas a energia necessária para assegurar descendencia. Simples e eficaz. Então para que insistir irracionalmente nesses gastos de energia? Alguem gasta 20 euros em raspadinhas para ganhar 1 euro ocasionalmente? Claro que não! Seria demasiado irracional, e nós humanos somos “animais” irracionais.


Perguntei-lhe para onde viajava. Com um sorriso nos lábios respondeu. E nunca mais os labios dela se abriram para o resto da viagem. Não é o meu dia de sorte. Eu sabia que devia ter cortado a barba antes de sair de casa.

3 comments:

Barão d'Holbster said...

Eu peço desculpa pelo que vi acontecer de seguida, mas não tenho culpa pela vida ser assim brutal. Então aqui vai:

O pá, nós os sábios, sabemos bem que a vida à medida que vai progredindo vai perdendo essas tretas românticas qu tantos insistem em acreditar.
Aposto que se perguntasse: "Excuse me my dear, but do you mind to suck it with the open window? I really prefer open, I like to see the view…".
Às vezes têm-se surpresas. É esse o poder da loucura...

Bastet said...

E ela não teria medo de um resfriado? om a janela aberta quero eu dizer... ups!

Boabdil said...

Obrigado pelo conselho caro Barao. Serei um dos poucos reis mouros na lista negra da scotland yard :-)

Se isso nao acontecer, estarei a aconchegar a minha companeira de viagem numa cama confortável... ouvi dizer que é a melhor forma de curar resfriados cara Bastet ;-)