Friday, February 19, 2010

Casulo

Acho curioso como a classe política tão interessada que está no melhor das pessoas, se fecha em si mesma quando o seu feudo é ameaçado. Tenho lido várias vezes que o papel de Presidente da República é supra- e apolítico, que deve exercer imparcialidade na defesa dos cidadãos.


Mais uma vez a os seres os humanos demonstram não ter pejo em se contradizerem quando o seu quintal é ameaçado. Fernando Nobre, alguém que tem um currículo extra-política invejável e nenhum currículo político, a julgar pelo que se diz que se quer do PR, deveria ser aplaudido por se chegar à frente, e lançar a sua candidatura independente. O que se tem passado, e em especial da esquerda que se diz democrática (não que a direita o seja mais ou menos), é um ataque ao perfil deste senhor como candidato a PR. Vou citar alguns dos argumentos usados para tirar mérito a esta candidatura:

"É pena que um homem com este património único se esvaia nesta aventura, sem vocação para qualquer sucesso na política. Tenho pena, porque é um homem que merecia melhor sorte" por as João Correia, o presidente da comissão coordenadora do MIC (o órgão nacional executivo do Movimento de Intervenção e Cidadania).

Isto tresanda a incoerência, ou então alguém ainda não reparou no nome do movimento "intervenção e cidadania". Ó Sôr Correia, então os cidadãos só podem intervir se fizerem parte de um Alegre ajuntamento? Os senhor tanto falam que todos devemos intervir mais, e este senhor faz o que pedem é dito que não tem vocação para a política? Sou só seu ou o Ti João não tomou os comprimidos hoje de manhã?

Já o deputado Jorge Strecht descobre um novo artigo na Constituição que excluí pessoas sem experiência política da posição de PR:

"Fernando Nobre não tem currículo político nenhum e a um candidato a um órgão de soberania como a Presidência da República exige-se esse percurso".

Então Jorge Esticadinho, ser PR é só para os campeões de momentos et tu brutus nos corredores partidários?

No fundo a única opinião sã é dessse senhor imparcial, Eduardo Barroso: “Para mim é um pouco insólito que uma pessoa que como ele se entregou à acção humanitária ao longo de uma vida queira de repente disputar um lugar que exige uma preparação política e um currículo e um passado que ele manifestamente não tem”

No fundo ser solidário, capacidade de gestão, actuação rápida e efectiva, não são competência boas para um bom PR. Um bom PR tem de ter um CV cheio de momentos esquivos, negócios duvidosos, decisões tomadas por troca de favores etc. E muito menos ser um PhD em ciências naturais/médicas. Era o que mais faltava ir alguém racional para PR. Ninguém o entenderia.

Mas o Barroso, Eduardo de baptismo, diz ainda que no nosso quintal mandamos nós: “Tenho um certo receio dos candidatos que se apresentam a defender valores acima dos partidos ou além dos partidos". Eu também Barrosinho. Um dia destes aparece alguém a dizer o MFA não passou o poder para os cidadãos, mas para os políticos.

Eu acho que a mudança de PR Eanes-Soares foi um passo estagnante. Uma troca de canudo entre estafetas da mesma equipa. Só considerarei que Abril existiu quando os não políticos também tiverem direito a se candidatarem aos lugares cimeiros da Republica. Já basta termos um PM cujo maior feito foi obtenção de uma Licenciatura em que um dos seu professores era seu subalterno no Ministério do Ambiente.

Não faço parte de qualquer movimento nem da qualquer candidatura, nem sequer sei em quem vou votar. Mais independente que eu não há.

Fontes:
Fernando Nobre inquieta PS e coloca pressão sobre alegre.
Alfredo Barroso critica candidatura de Fernando Nobre.

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