Fui ao centro comercial. Nada de mais banal e de mais fútil. Tenho um telemóvel novo e quero um cabo para passar músicas do PC que possam servir de toque. Os réis também são fúteis.
Tiro a senha de vez (uma das melhores invenções a seguir ao dinamite), e fico na fila à espera da minha vez. Para entreter o tempo, tento caracterizar cada um dos que estão a atender. Rapazes e raparigas relativamente novos, 6 no total, todos bem embrulhadinhos nos seus uniformes que para os homens são umas camisas de azul mortiço, e para as mulheres umas camisas vermelho vivo estampadas com o logótipo da empresas. Quatro atendiam os clientes, embora a definição de cliente aqui esteja mal empregue, pois só serei cliente após uma compra... não será assim? Outro está a tirar faxes e fotocópias. Mas aquela que me prende a atenção está simplesmente sentada no tampo de um pequeno bacão na parte de trás da loja. Não sei se que o me prende o olhar é facto de estar vestido com uma camisa-uniforme diferente, se é o facto de estar ali ocupadíssima a abanar as pernas e a olhar o vazio ou por rosto delo me ser vagamente familiar.
Chega finalmente a minha vez, como tinha alguma pressa já tinha pensado na forma de formular a pergunta (estou sempre com pressa de sair de grandes superfícies comerciais, sufocam-me. Não pelo por ser um marxista-leninista devoto, mas porque não gosto de ajuntamentos de pessoas, sinto que me roubam o ar... todas aquelas luzes confusão de sons, são demasiados estímulos para o meu cérebro. Sinto que não estou a ali).
Quando me aproximo do balcão, aqueles olhos fixam-me, e dos lábios brota um banalíssimo “olá! Tudo bem?” Quase sem entoação, mecânico. Reconhecia-a. Recompus-me, abanei a cabeça e disse olá. Fiz a pergunta o mais rapidamente possível (não tinham o que procurava) balbuciei um “tudo bem contigo?” e saí o mais rapidamente possível dali.
Não sei porque agi desta forma. Como se tivesse vergonha dela. Na verdade fiquei surpreendido por a encontrar naquela situação. sabia que estuda uma licenciatura qualquer de ensino, e surpreendeu-me um pouco que estivesse num domingo á tarde numa loja daquelas. Estava mais velha do que nem recordava. Já não era aquela miúda de 15 anos que conheci quando era escuteira. Que se sentava em frente mim e se entretinha a cruzar e descruzar as pernas vestida com uma daquelas saias-uniforme dos escuteiros. Nunca fora extraordinariamente bonita, mas aquele acto encerrava em si toda a sensualidade dum acto rebelde de adolescência. (entendamo-nos... eu tinha apenas 17 anos e nunca lhe toquei – infelizmente!). A idade alterou-lhe os traços do rosto, daí não ter reconhecido. Acentou-lhe os piores tracos do rosto. Tornou-se uma mulher como tantas outras, vulgar, monótona, com o charme e o magnetismo de um tupperware. Quanto a mim o tempo apenas me deu mais idade.
Na verdade a minha fuga não foi dela. Foi de mim próprio. De ver reconhecido ali o meu fantasma do tempo passado. De uma idade que eu era ingénuo e (quase) inocente com uma agravante: tinha a veleidade de me julgar esperto.
Wednesday, August 13, 2008
Monday, August 04, 2008
The Meaning of Freedom
Being a Renascence Man, I try to enlighten myself in every possible way. So besides being fluent in several languages, working in science, having a blog, being a musical snob, I am also a Bartender.
While learning how to mix Margaritas and Menstruated Maries, my teatcher explained to me what freedom is:
"When people walk in a Bar you should be able to serve whathever they choose to drink"
Anything?
"Yes. If they want a glass of piss, you warn them about the dangers, price it and serve the piss to the costumer."
That sums up freedom.
While learning how to mix Margaritas and Menstruated Maries, my teatcher explained to me what freedom is:
"When people walk in a Bar you should be able to serve whathever they choose to drink"
Anything?
"Yes. If they want a glass of piss, you warn them about the dangers, price it and serve the piss to the costumer."
That sums up freedom.
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