Tuesday, March 30, 2004

"Sugar Man" - David Holmes (música muito aconselhavel. O Sr. é responsável, entre outras coisas, pela banda sonora do Ocean´s Eleven)

Sugar man, won't you hurry
'Cos I'm tired of these scenes
For a blue coin won't you bring back
All those colours to my dreams

Silver magic ships you carry
Jumpers, coke, sweet Mary Jane

Sugar man met a false friend
On a lonely dusty road
Lost my heart when I found it
It had turned to dead black coal

Silver magic ships you carry
Jumpers, coke, sweet Mary Jane

Sugar man you're the answer
That makes my questions disappear
Sugar man 'cos I'm weary
Of those double games I hear

Sugar man you're the answer
That makes my questions disappear
Ping-Pong

“Ó Mouro, porque é que escreves coisas tão deprimentes?”
Deprimente é a Ágata! Eventualmente escrevo coisas depressivas. Estás tão preocupada com a pontuação e as vírgulas, mas não te preocupas com o significado dos termos que usas? Até pode ser verdade que as palavras nunca são aquilo que pretendemos, mas aquilo que os outros entendem, mas não custa nada ter mais cuidado com aquilo que se diz.

“mas não poderias escrever coisas mais alegres e divertidas (tu até tens algum jeito)? A vida já tão triste.”
Até pode ser triste, e se for esse o caso eu estou aqui apenas para lembrar que podia ser ainda pior. Que o riso de escárnio que baila na tua boca quando alguém escorrega e cai, a piada fácil de sexo que entendes mas recusas admitir, são apenas um sal impuro e contaminado, do qual te alimentas (in)conscientemente para alcançar o torpor da pobreza de espírito. A alegria virá quando tiveres consciencia do que és, e de que, para seres melhor do que os outros, basta que tentes apenas ser melhor do que tu própria. Parece uma daquelas verdades universais, não é? Então porque insistes em ficar feliz com as quedas dos outros?

“Escreves de uma forma tão complexa... não podias explicar aquilo que afinal queres transmitir? Só algumas pistas...”
Podia! Mas se o fizesse estaria a contaminar o teu pensamento. Todas as tuas reflexões iriam ter como ponto de partida as minhas próprias, e nesse ponto deixarias de ser livre. Talvez pudesse ser mais explícito do ponto de vista formal, situar melhor as minhas estórias, poli-las mais. Mas confesso a minha incapacidade para discernir o essencial do acessório quando escrevo. Acredita que é muito fácil ficar enebriado com as palavras per si, e chegar ao final com um prato de nouvelle cuisine, muito bonito mas... ou então como uma bela feijoada, demasiado pesado. Logo, entre escrever de menos e ser pouco explícito, ou escrever só aquilo que para mim é essencial....

“Acho que escreves estórias simples apenas porque te falta capacidade argumentativa!”
Mea culpa! Sim, já o admiti. Ao contrário doutros não consigo esvrever de forma lógica tudo aquilo em que penso. Por isso crio personagens, estórias, recorro a analogias, enfim recorro á minha criatividade. Nunca disse que queria escrever aqui pequenos ensaios acerca de tudo e de nada. Isso não me interessa. Mais do que as minhas próprias reflexões estou mais interessado em fazer reflectir. Considera-me o teu espelho.

“E não tinhas prometido a ti próprio não justificares nada daquilo que escreves, ou porque é que o fazes? Onde pára a tua coerência?“
A minha incoerência reflete a minha personalidade única.

Friday, March 26, 2004

Snatch

Para quê insistir, e continuar a dar pérolas a porcos?
Pode ser que um dia eles se engasguem e morram.
Uma estória de amor lamechas

O tótó e a tátá conhecem-se desde miúdos. E quando os níveis de hormonas se elevaram, apaixonaram-se.
O tótó era fiél. Quando a pupu, uma bela mulher, lhe quis ensinar um ou dois truques, para ele mostrar orgulhoso à sua tátá, ele orgulhosamente, e contra o resultado do referendo feito pelos amigos, recusou.
A tátá era virgem. Quando se chateou com o tótó (as zangas fazem parte de qualquer relação amorosa) pediu ajuda a um amigo do agora namorado-pause. Este amigo ajudou aliviando-a do peso da virgindade.
Passado uma semana tinham pressionado a tecla play do namoro, que seguiu feliz como nunca.
E agora?
O tótó e a tátá casaram, têm uma ninhada de pupus e ainda vivem felizes.
Tudo está bem quando acaba bem. Adoro estórias de amor felizes...

Thursday, March 25, 2004

Lítio e Cafeína

De facto não me apetece fazer nada. Queria um café e lítio se faz favor... já agora tem para aí uma janela com uma boa vista para cidade? Pode ser do 10º andar... suícidio?! Não! Sou demasiado covarde. Preciso apenas de testar uma guarda-chuva novo, disseram-me na loja que era especialmente resistente.

“lá estás tu outra vez!”
“achas mesmo que vais resolver alguma coisa com estas lamúrias?”
“é sempre a mesma coisa, sempre que algo não está bem ficas com essa cara de cachorro...”
“estás á espera que tenham pena de ti, não é?” “nem tu, nem nós acreditamos nessa treta”
Eu não quero que tenham pena de mim! Eu assumo todas as minhas decisões!
“ou a falta delas”
E qual o problema de ficar parado á espera que as coisas aconteçam por sí? Assim nunca erro, nem nunca sou rejeitado...
“pois, pois...”
“e esse travo amargo que fica na boca após as não-decisões...”
“e se?” “essa pergunta não te faz comichão por dentro?”
“claro que podes sempre ficar eternamente no sofá a imaginar que escreveste aquela carta, ou que fizes-te aquele telefonema...”
“... adivinha...”
“NÃO O FIZESTE!”
Mas isso foi uma não-opção minha!!!!! O ócio quando ataca pode ser o nosso melhor amigo, ficar á espera, como no útero, até ser violentamente empurados para o mundo. E se tiverem pena de mim?! Sim! Eu faço isso! E resulta! Eu sei que resulta, eu sou bom nisso... pelo menos nisso... que culpa tenho se os que me rodeiam caem no truque vez após vez, em vez de me espancar para me arrancar do torpor?
“queres violência?”
“por não a inflinges a ti próprio?”
"a única e possível solução para os teus problemas..."
“quais problemas?”
“pareces uma novela mexicana...”
“...esquizofrénico cor-de-rosa...”
“... andas a inventar problemas para te sentires triste...”
O riso assume para mim a importância da cocaína. Preciso de cada vez mais para me sentir bem, e quando caio em mim apercebo-me mais nítidamente do que me rodeia, quase que me observo do alto, triste...
“... pensas que os depressivos são mais criativos?”
“... talvez o sejam...”
“mas não pretendes afirmar que todos os drogados escrevem como o Jim ou como o Kurt?”
“pfui..”
“julgaste uma grande coisas por escrever aquilo que estas vozes te falam?”
“adivinha uma coisa...”
“... não és o único!”
“ser humano...”
“...temos pena de ti”
Mas escrevo! Tomei essa decisão! E nem que deixe de ter quem me leia, ou quem goste de o fazer, vou continuar a fazê-lo. Sim, isto é exercio de masturbação mental, associado ao voyerismo de uns quantos, mas é a ejeculação final que dá prazer. E quanto mais observam mais os meus movimentos ficam tolhados, e sinto os seus olhos a examinar-me, como eu lhes faço todos os dias sem eles saberem (condição essencial para testas as suas verdadeiras reações), sinto que começo a auto-limitar a minha criatividade...
“qual criatividade?”
“daqui a umas semanas estás a escrever lamechices...”
“... com coraçõeszinhos...”
“... bolas de sabão...”
“... atiradas por uma rancho de garotos louros e sardentos....”
“enquanto o seu lanche é comido pelos negros esfomeados...”
“... tudo numa harmonia feliz.”
“brincadeirinha...”
“nós sabemos que não o vais fazer...”
“(embora o desejes profundamente)”
“por não tens capacidade para tal!”
Obrigado pelo elogio. E sim, pretendo ser mais que a maioria. Aspiro à perfeição que recuso ver nos outros. Se não escrevi um livro, escrevo estes textos caóticos, não plantei uma árvore, mas semei milho, e não fiz um filho (felizmente), mas por vezes pratico.
“fracos substitutos...”
“...atreveste a comparar a masurbação ao acto de fazer amor!”
“nem a morte mereces...”
“... apodrece no teu sofá!”

Olhe já não quero o lítio. Fico-me pela caféina... preciso de falsa energia, para recuperar desta tareia.

Monday, March 22, 2004

Parábola da água (ou como é difícil tomar decisões quando não sabemos o que queremos)

“Bom dia” Bom dia. Que vai tomar? “Uma água se faz favor” com ou sem gás? “…” fresca ou natural? “…” com ou sem sabor? E que sabor? “…” e tem preferência por alguma marca em especial? Temos luso, carvalheiros, vimeiro, castelo, Campilho, serra de estrela, das pedras, caramulo… “deixe estar. Já não quero água. Aliás, já não quero nada. Bom resto de dia para si.

Wednesday, March 17, 2004

Almoço de família domingueiro.

Na televisão ainda a notícia dos ataques bombistas em Madrid. A minha mãe questiona, "mas qual a necessidade de matar tantas pessoas inocentes?" "isto é uma guerra. Conheces alguma guerra onde quam morre são os culpados e não os inocentes?" Este meu pai tem cada ideia mais estranha.
Diabos há muitos

Os diabos da tânsmania são muito interessantes. São tão irrascíveis e violentos, que para além de não lhes causar qualquer transtorno matar as suas crias, preferem, mesmo na abundância, roubar o naco de carne dos outros diabos, a comer aquele que lhes está destinada.
Ainda bem que os humanos não são assim!

Tuesday, March 16, 2004

Acordei cego.

Despertar estranho, pois à consciência da minha cegueira está associado a inexistência de factos visuais para interpretar. Entre encontrões aos móveis e cabeçadas nas portas consegui tomar pequeno-almoço. Suponho que desfiz a barba bem (embora tenha sentido um liquido quente a escorrer pelo pescoço no final do acto) e que até acertei com a sanita enquanto urinava. Esta minha condição permite que as coisas sejam da forma que o meu cérebro as projecta, a meio caminho entre o sonho e a esquizofrenia. Interessantes as alucinações visuais de um cego esquizofrénico (e não serão todos os esquizofrénicos cegos?).
Ao fim de algum tempo todos os meus outros sentidos estão no máximo. A cegueira levou-me para um plano superior de percepção. O barulho que de inicio não passava de cacofonia, speed metal ou Toy, causando confusão generalizadas nos meus circuitos cerebrais, começa a passar por um crivo selectivo, distingo a pouco e pouco as conversas dos vizinhos, os carros, e até o bater acelerado do meu próprio coração com a ansiedade de absorver todo o mundo que está para além do apartamento.
E saí de casa.
Empurrado pela multidão apercebo-me que já não vejo as suas caras tristes definhando entre pensamentos fúteis. Sinto o tilintar das moedas e o murmúrio de agradecimento, mas não vejo o indigente. Mas não sou um cego platónico. Eu já vi. Todos os sons, cheiros, o macio da lã e a dureza da pele, não os posso interpretar livremente. Estou preso pelas memórias do que já vi. Não preciso de ver o nojo da cara do pedinte e o sorriso orgásmico de quem dá esmola, para saber que eles estão lá. O suor que cheiro tem dono. É aquele homem obeso num fato lilás e cabelo seboso, que procura movimentar-se durante o seu passeio semanal.
Não gosto deste lado da estrada. A percepção de que consigo ver mesmo estando cego, torna-me um invsual numa terra de cegos. “deixe que eu ajudo-o a passar a estrada” mais que uma oferta de uma mulher anónima, soou-me a pedido, mais um lamento pela sua condição, do que pena pela minha. Ninguém dá nada a ninguém, e se a minha cegueira estimulou os outros sentidos, eu continuo sem ver! Sinto de forma diferente a vulnerabilidade do meu corpo, qualquer passo falso pode significar o fim. Poderei ter um encontro com a Morte sem a olhar de frente. E confiar cegamente em alguém num momento de maior vulnerabilidade? Claro! “Está demasiado trânsito para atravessar sozinho” A voz que inicialmente me parecia indistinta de todas as outras que me rodeiam, surge agora mais aveludada, quase sensual. Embora cego não perdi as minhas faculdades de homem, e passou a ser possível identificar pela voz a altura da minha interlocutora e agora guia, senti que os seus dedos eram firmes não se notando o balofo de uma existência fútil… Sou agora uma cria de ave que se deixa empurrar para fora do ninho, confiando na palavra da mãe. Leva-me para onde quiseres (sinto que não se pode dar carta branca a humanos, quaisquer que eles sejam),
Á sensação de comunhão com esta mulher, seguiu-se uma desconfiança virulenta. Não sinto já o movimento das pessoas. Olham-me para mim de mão dada com uma estranha que se prepara para me ajudar(?) a passar para o outro lado. Exibem um sorriso irónico, de prazer abjecto, na antecipação da queda de quem lhes é superior, agora todos em comunhão, felizes e ignorantes do prazer que por breves momentos tive, e que eles nunca poderão possuir. No lado de lá, vou chorar de pena pelos vossos sonhos abjectos e inúteis da minha queda. Por isso é que nunca serão invisuais numa terra de cegos!
Vamos!
Com o braço na minha cintura indicou-me o caminho. A cada passo sentia crescer a minha confiança e a minha empatia por esta desconhecida…
Ei! Onde estás? A minha confiança foi-se! Rodopio sobre mim mesmo e não a vejo… porra! Ainda estou cego! E confuso. Não brinques comigo… estás a brincar não estás?! Não me ias deixar aqui sozinho no meio da…

PUM!!!

Acordei no hospital. E já conseguia ver… “lamento… o Sr. está tetraplégico” quê?! “existem possibilidades de recuperação, mas só com o tempo se saberá a extensão das sequelas, que irão sempre ficar em menor ou maior escala” Obrigado Dr. Naõ me consigo mexer, mas pelo menos já não estou cego.
Where is the pain? (ou Um Pequito de Dignidade)

“Venha cá sr. dr., rápido!” “então enfermeira?! Está alguém para morrer?” “tenho um caso preocupante em mãos. Um dos pacientes tem o pénis erecto!” “que bom para ele” “mas está assim desde que cá chegou ontem em estado comatoso” “gostaria de ajudar mas sou cardiologista não sou nem urologista nem prostituta!” “que não é urologista eu sei, mas discordo que não passe uma vulgar rameira com diploma...” “como?!?” “… quando trocou o juramento hipocrático, por uma viagem a Cuba, vendeu a sua dignidade!” “…” “conheço bem os argumentos! Os remédios são melhores, são aqueles em que confio, e a saúde está primeiro (principalmente a dos seu filhos), e as pessoas estão habituadas ás caixas de uma certa forma e cor e será difícil habituarem-se a umas diferentes. Porque não lhes passa um atestado de insanidade mental? Assim justificaria de uma vez todas as faltas ao trabalho, às aulas, aos exames… Tenho pena de si. Pobre puta!” “olhe o respeito! Eu não lhe chamo nomes quando me faz fellatios durante as horas de serviço!”

Enquanto se discutiam as implicações da presença de delegados médicos na saúde sexual dos profissionais da doença, senti uma presença, da mesma forma que os ratos sentem os tremores de terra. Não soube quem era nem porque o fez. Mas quando se aproximou do meu corpo inerte, preparado para se aquecer numa fornalha (física ou metafórica), percebi que iria despertar. Tocou-me com ternura no que causava tanta repugnância e incredulidade (e uma pontinha de inveja) aos meus tratadores. E com aquele toque ejaculei toda a minha vida, esvaziou-me de qualquer conteúdo… e finalmente dormi.

Wednesday, March 10, 2004

Post-orgasmic chill

Após a tempestade vem a bonança. Relaxamos e ficamos vulneráveis, numa calma apenas possivel durante um sono sem sonhos. Durante o sono atingimos a calma libertadora, regressamos ao pó que fomos e seremos novamente, nada existe em nosso redor pois não temos a consciência da sua existência. O momento em que perdemos a penugem que nos protegia do frio.
É no nosso momento de maior vulnerabilidade, quando desconhecemos tudo o que nos rodeia que encontramos felicidade.

Friday, March 05, 2004

Numa tarde soalheira como a de hoje...

e na falta de outra companhia, (que não melhor) decidi ir beber uma café ali á Brasileira. Espanto-me sempre com a diversidade morfológica de seres humanos que encontro pelo caminho, embora cheire neles uma certa falta de... bem... falta-lhes quase tudo tudo, excepto banalidade, que, essa sim, daria para encher um estádio de futebol (ou vários).
Decido-me pela melhor mesa da esplanada... a única que está livre. À minha frente está um espécime particularmente interessante. Um neo-hippie (como é fácil classificar humanos) com cerca de 30 anos. Barba comprida à Rabi (ou à Mulah), e cabelo à Jim Morrisson. O empregado não se despacha, está mais preocupado em atender os pedidos de toda a gente ao invés de ser eficiente. Um pormenor, torna o quadro mais interessante. O que seria um indigente, não fossem os modos calmos e educados (um Buda saído do Tallon), tinha uma T-shirt relativa ao último albúm do Legendary Tiger Man… interessante. Começo a impacientar-me com a azáfama caótica do empregado quando ele se dirige à mesa. Um café, se faz favor… E o Hippie move a cabeça ligeiramente em sinal de cumprimento… pelos modos diria que era um filho de papá rico, que desperdiça (?) o dinheiro e a educação dada pelo pai divagando pelo mundo explorando o interior dele próprio numa atitude vagamente anarco-nietzschiana. Respondi com um aceno e ele olhou para cadeira vazia da mesa… acedi ao convite.
Boa tarde. “Não me reconheces?”… “imagina-me com uns pregos nos pulsos e uma coroa de espinhos” ahhh… tu também és rei! Eu sou o último Rei Mouro, e tu o rei, que nunca chegou a ser, dos judeus.
“O seu café” “Marx! Velho camarada de luta! Está por aqui? A trabalhar?!” (Marx? Camarada? Groucho Marx?) “è a vida! O Engels não me dá mais guarida (e não há vagas no Mac)” “O gajo tem ciúmes. Dá-te abrigo e comida.Ajuda-te a construir uma teoria, ou melhor, a reformular a minha teoria de modelo social, e depois... à o marxismo-leninismo, as teorias de Marx, e ele fica destinado a ser recordado como ao gajo que te mantinha, enquanto tu teorizavas, numa certa relação de proxenetismo/prostituição intelectual” “se o povo me recorda lá terá as suas razões...” “o povo! Tu sempre foste um menino rico, e as tuas teorias serviram para exorcisar a os teus problemas em lidar com o capital do teu pai. O socialismo utópico é apenas uma esmola intelectual” “para quem se advoga o primeiro autor desta teoria estás a ser um bom advogado do diabo. De menino prodigio para os Rabis, foste carpinteiro, indigente e mártir. Noto uma certa falta de coragem em assumir a tua verdadeira ambição” “eu estive entre os pobres e os excluídos para os conhecer melhor” “és um animal político! Os excluídos sempre foram o melhor campo de recrutamento para qualquer pseudo-seita poltica...”
Bom, começo a achar que tanta discussão, e este encontro é mais do que uma coincidência. “ tens razão...” ”precisamos de falar contigo...” “é verdade que vasi comprar um casal de humanos?” bom... deus não mos dá, o pai daqui do jeóva é um forreta, e vou ter de os comprar. Que tem vocês que ver com isso? “não faças isso!” “a amnutenção é cara...” “e eles podem começar a adorar-te...” “como nos adoram a nós...” “...e mudam o sentido da nossa mensagem...” “... e vivem as suas vidas em função de quererem ser ou não como nós...” mas isso é vos fez perder! Confessem. O desejo de adoração esteve sempre presente no vosso subonsciente... a necessidade de discipulos... e a vossa moral, os vossos códigos de conduta, o vosso desejo de evangelização... “tu também és um de nós!” “um profeta” “um pensador livre” eu sou um pensador livre. Livre para ser amoral, parábolas sem final, sem conclusões, não quero indicar direções sociais ou politícas. A verdadeira liberdade começou quando deixei de seguir e de ter seguidores. Quando a aranha perdeu a teia. Não pretendo salvar os humanos, nem que eles caminhem para o abismo (eventualmente isso acontecerá sem a minha intervenção). Pretendo estudá-los, observá-los, dissecar os seu comportamentos e emoções, e apontar tudo para memória futura. “não vais ser capaz...” “há-de chegar o dia em que serás como nós...” “e tentarás iniciar o teu próprio movimento social...” “ou matarás os teus humanos com quem sacrifica um cão doente em final de vida...” “ou tirarás conclusões das tuas observações” “e nesse dia serás um humano com tiques de filosófo da tanga” “ou já o és?” o facto aqui é que eu vou mesmo comprar um casal de seres humanos!

E agora? Jeóva, és o mais graduado de nós, que sugeres? “tu que és o rei, tu é que vais pagar, tu é que decides” sou rei sem reinado, o Marx é que trabalha“ ”eu digo, vamos aproveitar enqunto estamos mortos” ”vamos ao paquiderme branco. Há por lá umas almas que devem favores”